Defesa de Palocci tenta escapar de Moro e alega que juiz não está sendo imparcial
Preso preventivamente por tempo indeterminado na Operação Omertà, da Lava Jato, o ex-ministro da Fazenda e Casa Civil dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, está tentando escapar do juiz Sérgio Moro. A defesa do petista alegou que o juiz é “suspeito” e não detém a imparcialidade necessária para julgá-lo, devido ao histórico de sentenças nos casos de corrupção envolvendo o PT e empreiteiras. A defesa estendeu o pedido ao ex-assessor de Palocci, o sociólogo Branislav Kontic, também preso na Omertà.
Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (26) pelo Estadão, na segunda-feira (24) a Polícia Federal (PF) indiciou Palocci por corrupção passiva por suspeita de captação de R$ 128 milhões da empreiteira Odebretch. O ex-ministro é acusado de ter direcionado parte desse valor ao PT.
O deputado federal Max Filho (PSDB-ES) acredita que a tentativa de Palocci escapar de Moro será frustrada e que o “medo” do juiz responsável pela Lava Jato pode ser considerado uma confissão tácita. “O juiz tem sido muito firme em todas as suas decisões. É um erro da defesa tentar arguir a suspensão de Sergio Moro. Que suspensão teria ele? Moro não tem interesse pessoal algum em prejudicar o Palocci. Ele não é suspeito. Suspeito são todos aqueles que integraram essa quadrilha que afundou a nação”, disse.
O tucano afirmou que a seriedade com que o juiz do Paraná tem conduzido as investigações orgulha os brasileiros que já estão fartos da corrupção endêmica no país. “A Operação Lava Jato está muito bem entregue nas mãos de Moro. Ele terá os elementos de convicção para sentenciar o Palocci o quanto antes”, concluiu Max Filho.
Palestras
Em mandato de busca e apreensão na casa de Palocci, a PF achou mais evidências de atos ilícitos. Foram encontradas notas fiscais indicando que o ex-ministro realizou, em um mesmo dia, três palestras para a empresa Piemonte Empreendimentos, do lobista e delator Júlio Camargo. As notas somam o valor de R$ 55,8 mil e, ao todo, foram encontrados 32 recibos de palestras de Palocci para empresas de diversas áreas.
Assim como Lula, Palocci também mantinha uma empresa de consultoria e palestras, a Projeto. O ex-ministro e sua empresa passaram a ser investigados pela Omertà após a investigação identificar a referência ao ex-ministro em trocas de e-mails da cúpula da Odebrecht por meio do codinome ‘Italiano’.