Delator da Lava Jato confirma que Lula recebeu propina em dinheiro vivo
“Está cada vez mais difícil para ele sustentar as teses do ‘nada é meu’ e do ‘eu não sabia de nada’”, destacou Imbassahy
Brasília (DF) – Não bastassem as acusações que já pesam sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato – obstrução de Justiça, ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, organização criminosa e tráfico de influência no BNDES –, o ex-presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, confirmou em delação premiada que o petista também recebeu pagamentos de propina em dinheiro vivo. As informações são de reportagem publicada na revista IstoÉ.
O herdeiro do grupo revelou que os repasses de dinheiro em espécie a Lula foram feitos, em sua maioria, entre 2012 e 2013, quando o petista não ocupava mais o Palácio do Planalto. Os valores eram originários do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, já conhecido como o departamento de propina da empresa, e derivam dos R$ 8 milhões que foram transferidos para o ex-presidente, conforme já revelado pela Polícia Federal.
Além de Marcelo Odebrecht, Lula é citado nas delações de Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar, ex-executivo da empresa, e Luiz Antônio Mameri, diretor da companhia na América Latina e Angola. Uma troca de mensagens entre Mameri e Marcelo Odebrecht também deixa clara a participação de Lula e do ex-ministro Antonio Palocci na aprovação de projetos da empreiteira junto ao BNDES, em países como Angola e Cuba.
Para o líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA), a nova acusação contra o ex-presidente Lula se soma a uma série de explicações que o petista já deve à sociedade.
“É mais uma gravíssima revelação envolvendo o ex-presidente Lula, que já vive uma situação de aflição em decorrência de ter sido tornado réu por três vezes consecutivas. Cada vez mais se aproxima a materialização de que o ex-presidente Lula era verdadeiramente, como já apontaram promotores da Lava Jato, o comandante-chefe do grande processo de corrupção que foi descortinado pela Operação Lava Jato”, disse o tucano.
Planilhas de pagamentos ilícitos da Odebrecht apreendidas pela Polícia Federal também provam os repasses de aproximadamente R$ 8 milhões a Lula. O petista é associado aos codinomes “amigo”, “amigo de meu pai” e “amigo de EO” (Emílio Odebrecht).
A resposta da defesa de Lula, no entanto, é sempre lacônica. Além de atacar as instituições, juízes, delegados e promotores da Lava Jato, os advogados do petista se limitam a repetir que os valores recebidos por Lula eram meras contrapartidas a “palestras” dadas pelo ex-presidente. O problema é que a justificativa não responde uma das maiores dúvidas da força-tarefa: se havia lastro e sustentação legal nos pagamentos, por que foram feitos em dinheiro vivo?
“Está cada vez mais difícil para ele [Lula] sustentar as teses do ‘nada é meu’ e do ‘eu não sabia de nada’”, completou Antonio Imbassahy.
Leia AQUI a íntegra da reportagem da revista IstoÉ.