Desemprego faz desigualdade de renda entre brancos e negros crescer

Notícias - 20/05/2017

O aumento contínuo nos níveis de desemprego, face mais perversa da crise enfrentada pelo Brasil há pelo menos três anos, tem feito o país retroceder em um importante indicador de igualdade racial: a diferença de renda entre brancos e negros. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2015 e o primeiro trimestre deste ano, houve uma alta de 0,8% nos rendimentos da população branca. Já para a população parda e preta, a renda de trabalho média caiu 2,8% e 1,6%, respectivamente. As informações são de matéria da Folha de S. Paulo publicada neste sábado.

Segundo a reportagem, o principal motivo para esse resultado é a concentração maior de negros no mercado informal. Já as vagas com carteira assinada são majoritariamente ocupadas por brancos. Por conta disso, atualmente os negros ganham apenas 56% do que os brancos recebem – no último trimestre de 2014, era 59%. Já os rendimentos dos pardos equivalem a 55% do valor recebido por brancos – ao final de 2014, era 57%.

Ouvido pela reportagem da Folha, o economista Marcelo Paixão, professor da Universidade do Texas em Austin (EUA) e coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), destaca que o crescimento na renda média dos negros em um ritmo mais acelerado do que a dos brancos nos anos anteriores à crise aconteceu por conta do aumento do salário mínimo e do crescimento dos setores de serviços e construção civil, nos quais a participação de trabalhadores negros é expressiva.

Antonio Teixeira, pesquisador da coordenação de gênero e raça do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no entanto, aponta que esse tipo de trabalho, justamente por ser mais instável, está entre os mais afetados em momento de crise.

“A contradição desse processo é que você teve uma melhora substantiva, mas ela se deu na base da pirâmide de rendimentos, motivo pelo qual a desigualdade continuou elevada. O efeito esperado de um período de crise é que essa base seja mais impactada, por causa do tipo de emprego que ocupa”, argumentou o economista consultado pela Folha.

Clique aqui para ler a matéria completa da Folha de S. Paulo.

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20/05/2017