Dilma admite que errou ao promover desoneração fiscal

Notícias - 13/03/2017

Brasília (DF) – A ex-presidente Dilma Rousseff admitiu ter cometido um “grande erro” ao promover a desoneração fiscal no país. Ao participar de debates e seminários em Genebra, na Suíça, nos últimos dias, a petista afirmou que se arrepende de ter diminuído impostos durante seu mandato. “Eu acreditava que, se diminuísse impostos, eu teria um aumento de investimentos. Eu diminuí e me arrependo disso. No lugar de investir, eles [os empresários] aumentaram a margem de lucro”, declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira (13).

De acordo com Dilma, uma das acusações que lhe foram feitas é de ter mantido uma política fiscal “mais frágil”. “Errei em uma coisa: tentamos fazer com que os investimentos fossem aumentados. Fiz uma grande desoneração, brutalmente reduzimos os impostos. Ali, eu cometi um grande erro. (…) Acreditava que, se fizéssemos isso, eles iriam investir mais e a coisa seria melhor. Eu errei”, completou.

Uma parte das políticas da ex-presidente chegou a ser condenada na Organização Mundial do Comércio (OMC), como a redução de Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) para empresas locais.

Para o deputado federal Caio Narcio (PSDB-MG), a “confissão de culpa” da petista expõe tudo o que o PSDB sempre afirmou. “O que aconteceu é que as desonerações se transformaram no bolsa-empresário, dando dinheiro para quem não precisava e tirando de onde precisava. Isso acabou levando o Brasil a uma crise também por causa da corrupção que aconteceu em torno disso. É interessante fazer mea culpa agora porque eles passaram o tempo inteiro defendendo essa maneira de governar que acabou levando o Brasil ao ponto que estamos”, afirmou.

Segundo a reportagem, a avaliação de Dilma é que houve uma “subestimação das razões da crise econômica” enfrentada pelo país. “Todos sabem que, a partir da meta de de 2014, houve uma queda significativa dos preços das commodities. Esse movimento afetou a arrecadação do Brasil e a nossa balança comercial”, disse a ex-presidente, lembrando as mudanças feitas na política monetária dos Estados Unidos no período e também o freio que sofreu a economia chinesa.

Autocrítica

Segundo o tucano, as declarações de Dilma vêm muito tarde e fazem com que o governo atual tenha que consertar os equívocos e o buraco no qual o PT deixou no Brasil. O deputado afirmou ainda que não acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o restante do PT sigam a linha de Dilma e admitam seus erros.

“Não tem sido uma marca do PT a autocrítica. Sempre insistiram nos erros como algo que foi dos outros. Eles têm sido bons historicamente para apontar os erros dos outros, mas para fazer autocrítica talvez essa seja a primeira vez que a gente tenha escutado isso”, destacou.

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13/03/2017