Dilma diverge do PT sobre convocação de novas eleições

Enquanto presidente afastada aposta na tese para escapar do impeachment, presidente do PT diz que proposta é “inviável”

Imprensa - 05/08/2016

DivulgaçãoÀs vésperas de uma nova fase do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores parecem não se entender em relação à estratégia que usarão para tentar convencer os senadores a votarem contra o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que recomenda a perda definitiva do mandato de Dilma por crimes de responsabilidade.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Dilma leu trechos de uma carta que será divulgada pela petista na próxima quarta-feira (10), na qual defende a realização de um plebiscito sobre novas eleições. O presidente do PT, Rui Falcão, discorda da proposta. O petista diz não querer usar da promessa de novas eleições para convencer senadores a votarem contra o impeachment, o que para ele seria “artifício para tentar enganar quem não quer ser enganado”. Falcão diz ainda que a proposta é “inviável”, já que todo o processo prometido de convocação de eleições levaria pelo menos dois anos, coincidindo com 2018, quando já ocorrerão eleições presidenciais.

Dilma Rousseff e seu partido têm protagonizado inúmeras divergências. Após o marqueteiro do PT, João Santana, ter admitido que recebeu dinheiro de caixa dois na campanha de 2010, a presidente afastada se esquivou da responsabilidade e afirmou que o pagamento de Santana foi de responsabilidade da tesouraria da legenda.

Para o senador Dalírio Beber (PSDB-SC), os desacertos dentro do partido provam que a permanência de Dilma no comando do Planalto é insustentável, pois não há unidade nem mesmo entre seus aliados. “Isso mostra a contradição que reina dentro do próprio PT. Nós temos hoje uma convicção de que uma parcela considerável do PT prefere ver a presidente definitivamente afastada para tentarem reiniciar a construção de sua sigla partidária. Esse confronto, esse choque de cabeças que existe hoje no PT é prova de que nem o próprio partido consegue sustentar a unidade que outrora era pregada.”

Dalírio Beber observa que a consulta sobre novas eleições é apenas uma tentativa frustrada de Dilma para fugir do processo de impeachment. “Falarmos agora em convocarmos um plebiscito para interromper aquilo que está assegurado na nossa Carta Magna, atender àqueles que foram incompetentes em governar o país e provocar uma nova eleição me parece que é um casuísmo. E esse sim se caracteriza verdadeiramente como um golpe. Isso o Brasil não aceita.”

Clique aqui para ler a íntegra da matéria da Folha de S. Paulo.

X
05/08/2016