Discurso político não tem peso em processo judicial, diz tucano em resposta a Lula

Brasília (DF) – Em entrevista concedida à rádio Tupi AM na manhã desta terça-feira (20), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou não acreditar na possibilidade de sua prisão pela Operação Lava Jato. O petista alegou que sua inocência já foi comprovada pela defesa, e fez um apelo ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, para que leve em consideração as alegações finais de seus advogados no caso que investiga o apartamento tríplex do Guarujá (SP). As informações são de reportagem do jornal O Globo.
“Espero que para ser preso no Brasil e em qualquer país do mundo a pessoa deva ter cometido crime, delito, alguma coisa errada. No meu caso, eu até pedi outro dia que os procuradores da Lava Jato que cuidam das denúncias contra mim sejam exonerados, porque inventaram uma grande mentira, junto dos meios de comunicação, sobretudo a Globo, e agora se enrolaram na mentira”, disse Lula
O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) rebateu as declarações do ex-presidente petista, que, para o tucano, faz um discurso político com objetivos eleitorais.
“Ele está fazendo política”, destacou o parlamentar. “Está fazendo o que resta a Lula, que é fazer política, fazer discurso político. Acontece que, para um processo judicial, o discurso político não tem peso nenhum, não tem relevância. Tudo o que ele fala não tem relevância alguma para o processo judicial”, constatou.
Ação ‘inverossímil’
Não bastassem as declarações de Lula, os advogados do petista, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, afirmaram nesta terça que poderiam “apontar o real dono” do apartamento tríplex 164 A, do edifício Solaris, em nome da OAS Empreendimentos S/A. De acordo com a defesa do ex-presidente, quem detém 100% dos direitos econômico-financeiros sobre o imóvel é um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal.
“Nada vincula Lula ao imóvel, onde esteve uma única vez, em 2014, como potencial interessado em sua aquisição. Jamais teve as chaves, o uso, gozo ou disposição da propriedade”, declararam os advogados.
A defesa também classificou a ação contra Lula, acusado pelo Ministério Público de receber o apartamento como vantagem indevida de contratos da OAS com a Petrobras, como “inverossímil”, acusando o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, de produzir uma “farsa” para negociar benefícios penais com a acusação.
Para o deputado Pedro Cunha Lima, de nada adiantam as estratégias da defesa de Lula para atrasar o processo ou desacreditar os investigadores da Lava Jato: quem dará a palavra final na ação é o juiz federal Sergio Moro.
“O melhor cidadão brasileiro para avaliar tudo isso, e que acreditamos que assim o fará, é o juiz Sergio Moro, que tem todo o acesso ao processo, que instruiu todo o trâmite desse processo judicial e que, muito em breve, vai dar a sua decisão. É nessa decisão que eu confio, já que ele é quem tem a maior capacidade técnica de dar um desfecho devido e adequado a esse caso, que vai além de qualquer palanque ou qualquer discurso político”, avaliou.
“O juiz Sergio Moro está habilitado para tal, e tem acesso ao rol probatório para que seja tomada a decisão mais acertada”, completou o tucano.