Diversidade Tucana na luta contra a violência e pelo respeito às mulheres lésbicas

Notícias - 28/08/2019

“Lesbofobia” é a combinação de preconceito pela orientação sexual das mulheres lésbicas e machismo. “Lesbocídio” é o assassinato de lésbicas. Ao menos 156 delas foram mortas violentamente no Brasil nos últimos oito anos, segundo dossiê elaborado pela UFRJ. 83% dessas mortes foram causadas por homens. De janeiro a julho de 2018, data da publicação do documento, foram 91 casos.

29 de agosto é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data – criada em 1996, durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas – se tornou necessária para, no mês lilás do combate à violência contra a mulher, reforçar que as lésbicas sofrem agressões, discriminação, negligência na área da saúde e que, por algum motivo, ficam “esquecidas” entre a militância gay e o feminismo.

Hosilene Lubacheski, vice-presidente do Diversidade Tucana

“As mulheres lésbicas, inclusive dentro do movimento, realmente são as que têm menos visibilidade, por vários fatores, a começar pelo machismo”, confirma a vice-presidente do Secretariado Nacional da Diversidade Tucana, Hosilene Lubacheski. “É muito difícil se expor quando temos, numa sociedade machista, uma mulher lésbica se inserindo nesse universo ‘do homem’. A sociedade machista não vê com bons olhos uma mulher que assume o estereótipo masculino”, explica.

Saúde
Outra questão que preocupa, segundo Hosilene, diz respeito à saúde das lésbicas que, em boa parte, se sentem desconfortáveis com exames ginecológicos e de mama. “Não temos estatística alguma sobre as doenças das mulheres lésbicas. Precisamos que elas frequentem o médico”, diz. Opções para o sexo seguro e profissionais de saúde mais preparados para atender mulheres que se relacionam com mulheres estão entre as pautas de reivindicação do movimento LGBT.

“O machismo, a lesbofobia, a violência e essas outras questões do dia-a-dia acabam empurrando as lésbicas para uma espécie de zona de conforto, para o gueto. O que nós queremos é tirá-las de lá. Trazê-las para a luta”, afirma Hosilene.

Bandeira social-democrata
A luta a que se refere a dirigente do Diversidade Tucana não é apenas para a militância LGBT propriamente dita, mas também para a prática política, dentro do PSDB. Segundo Hosilene, houve uma apropriação, pelos partidos de esquerda, de temas que sempre foram bandeiras do tucanato e da social-democracia. “Inclusão, respeito às liberdades individuais e garantia de direitos são nossas pautas desde sempre, desde Franco Montoro”, lembra.

O ex-governador de São Paulo, um dos fundadores do PSDB, foi o primeiro gestor a instituir, de forma sistemática, ações de combate à violência contra os LGBT. Na área da saúde, também foi o primeiro a implantar programa de enfrentamento à epidemia de HIV/Aids. Em 1985, o então senador Fernando Henrique Cardoso liderou abaixo-assinado pedindo a desclassificação do “homossexualismo” (termo usado na época) como desvio de conduta. E Mário Covas, constituinte, teve papel determinante na defesa do fim da discriminação.

O governador tucano do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, é pioneiro na criação da Subsecretaria de Políticas LGBT

Fernando Henrique foi ainda o primeiro presidente da República a defender a união civil entre pessoas do mesmo sexo, em 2002. E seu ministro da Saúde, José Serra, implantou e dinamizou o programa nacional de combate a DST/Aids, reconhecendo que o movimento LGBT era protagonista nesta luta.

“Agora nós vamos realizar ações democráticas em todos os estados, conversas, campanhas, chamando a militância LGBT para o partido e para as ruas. Vamos sair da nossa bolha e ocupar espaços. Essa é a luta da Diversidade Tucana”, garante Hosilene.

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28/08/2019