Dívida bruta do Brasil bate recorde e chega a 70,5% do PIB
Ainda sob os efeitos da crise que assola o país desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a economia brasileira segue batendo recordes negativos, especialmente em relação às contas públicas. O último deles, divulgado nesta terça-feira (27) pelo Banco Central (BC), revela que a dívida bruta do governo federal atingiu, em novembro, R$ 4,41 trilhões, o que representa 70,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Trata-se do maior valor para este indicador desde 2006, quando a série histórica foi iniciada.
De acordo com informações de matéria publicada pelo jornal O Globo, os dados divulgados pelo BC também evidenciam um rombo de R$ 39,14 bilhões nas contas públicas apenas em novembro, o pior resultado para o décimo-primeiro mês do ano desde 2001. No acumulado do ano, o déficit primário do setor público já chega a R$ 85,05 bilhões.
Na avaliação do economista e deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB-GO), o governo federal, sob a gestão do presidente Michel Temer, já iniciou o processo de controle da dívida pública com medidas como a PEC do teto dos gastos, principalmente, e com a aprovação da reforma da Previdência, além da contenção dos juros e da inflação.
“O que elevou a esse patamar o estoque de dívida do país? O Estado gastar mais do que consegue arrecadar. Como que ele faz quando gasta mais? É obrigado a emitir títulos, e esses títulos são rolados, comprados por empresas a uma taxa de juros altíssima. O que o governo fez ao fazer a PEC do teto dos gastos foi tentar pelo menos brecar esse grau maior de endividamento”, ressaltou o parlamentar.
Vecci também criticou o patamar elevado de recursos disponibilizados pelo governo federal para o pagamento de dívidas, superior a 40% do orçamento. Para ele, além das medidas para a área econômica elaboradas pelo governo, é necessária uma repactuação dos valores devidos pelo país.
“Vai ter que chegar um momento em que nós vamos ter que repactuar – não fazer moratória nem fazer auditória – o estoque de dívida com todos os credores, o que significa fazer junto, não unilateralmente. Chamar para uma mesa redonda todos os credores da dívida brasileira e dizer: ‘eu quero repactuar’. Se repactuar uma vírgula, você já diminuiu [a dívida]. São diversas ações que devem ser feitas para que a gente possa diminuir essa sangria exacerbada de recursos com dívida no Brasil”, argumentou o deputado.
A reportagem ainda destaca que, segundo as projeções do Banco Central, a dívida bruta do Brasil deve chegar a 76,9% do PIB no ano que vem. Apesar do aumento, o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Renato Baldini, acredita que 2017 já deve apresentar uma melhora nas perspectivas em relação à dívida pública. Assim como Vecci, ele apontou a aprovação de medidas como a limitação dos gastos públicos e a reforma da Previdência como razões para acreditar em um cenário mais positivo a partir do ano que vem.
“Para 2017, o que podemos dizer é que o governo tem avançado em algumas medidas, seja na implementação, seja no avanço das discussões. Talvez as duas mais importantes questões sejam a estipulação de um teto para os gastos e as discussões sobre a reforma previdenciária. O que elas vão possibilitar é um processo gradual de melhora dos resultados primários a serem observados. Num horizonte mais longo, numa perspectiva mais ampla, resultará em uma trajetória mais equilibrada para a dívida pública”, disse Baldini ao jornal O Globo.
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