E os rotos falam!

Notícias - 01/09/2001

Não é tarefa das mais fáceis saber se um sujeito faz certas afirmações porque é incompetente ou movido por má-fé. Essa é a sensação que tive ao ler o artigo A (in) competência dos tucanos, do líder do PT na Assembléia Legislativa, deputado Carlinhos de Almeida. Até o mais idiota dos seres é capaz de compreender que só os levianos costumam prometer o céu na terra – ou, então, só enxergar defeitos onde há virtudes evidentes, ou só ver virtudes onde o caos é regra. Mas os rotos, como os tolos, falam, carentes que são de espelho e senso crítico.
Para o deputado acima citado, o governo do PSDB no Estado de São Paulo é uma verdadeira tragédia: faliu a Febem, sobrecarregou os municípios que passaram a ter de investir em Ensino Fundamental (coisa, aliás, que a sua prefeita não faz, visto que, por madame, se sente acima das leis), sucateou a pesquisa voltada para a agricultura, introduziu os pedágios nas estradas, promoveu privatizações, não concluiu as obras da Fernão Dias… Bem, na visão marota do líder petista, o PSDB é uma lástima. É impressionante a empáfia da juventude – a imaturidade nos dá sempre a sensação de que é possível mudar o mundo de uma hora para, de que existe parto sem dor, de que basta querer para fazer omelete sem quebrar ovos. Ocorre que, embora jovem, o nobre parlamentar pouco tem de imaturo. É maroto.
O governo do PSDB demitiu, sim, milhares de funcionários. E não o fez por prazer. Mas porque a máquina estava inchada, porque as estatais estavam repletas de funcionários indicados pelos ex-governadores Quércia e Fleury. O primeiro, aliás, hoje muito amigo do PT paulistano. O PSDB demitiu porque tinha gente demais, porque era preciso conceder reajustes aos servidores que, de fato, trabalhavam, porque o Estado não exixte para empregar pessoas amigas. O governo de Marta Suplicy também demitiu. Mas tratou logo de criar muitos cargos de confiança (da prefeita), cerca de mil, e de conceder generoso aumento de 40% para os protegidos da única dama, posto que é a titular do cargo. Par os demais, “aquele abraço“ e 4% no holerite.
O PSDB, de fato, fez concessões de rodovias e ampliou o número de praças de pedágio. Primeiro, porque está convencido de que é mais justo cobrar de quem usa as estradas do que apenar os que nem carro têm. Segundo porque dinheiro não cai do céu e era impossível dar à malha rodoviária do Estado a qualidade de que hoje ela dispõe, sem a parceria com a iniciativa privada. De olho nos eventuais votos da classe média, o PT afina o discurso, ameniza as propostas – e compra leite e açúcar mais caros, investe na educação menos de 10% do que poderia e praticamente o mesmo que gasta para divulgar os tais projetos. É um escárnio. Até agora, Dona Marta & cia. Gastaram R$ 2,6 milhões com os planos sociais e R$ 2,4 milhões com sua divulgação.
O resumo da ópera é o seguinte: o papel aceita quaisquer tolices e, no mundo político, por oportunismo, não falta quem queira expressá-las. Mas o povo não é tolo. Sabe que entre prometer e fazer há uma enorme distância – uma distância que passa pela capacidade de gerenciar, consistência das propostas e possibilidades orçamentárias. Seria desperdício de tempo insistir na diferença entre os métodos de governar do PSDB paulista e do PT paulistano. Seria desqualificar ainda mais alguém – a senhora prefeita – que já demonstrou não Ter qualificação administrativa para governar, nem equilíbrio emocional para aceitar críticas e rever posições. O resto é teatro barato, suposta dinâmica de grupo coletiva.

(*) deputado estadual pelo PSDB.

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01/09/2001