Economia brasileira fechada ao comércio exterior é ‘folclore’, diz ministro José Serra

Imprensa - 05/09/2016

José Serra BB_Temer_China_empresarios_Foto_Beto_Barata01092016-4Brasília (DF) – Em entrevista à imprensa após o primeiro dia de reunião da cúpula do G-20, grupo que representa as 20 maiores economias do mundo, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, avaliou que a crença de que a economia brasileira é muito fechada ao comércio exterior é “folclore”. O chanceler brasileiro criticou países que pregam a abertura comercial, mas mantêm políticas protecionistas, e destacou que o Brasil não é mais fechado do que a média mundial.

“Não dou aula há muito tempo, mas estudei bastante e tenho uma formação razoável. O Brasil não é uma economia fechada mais do que a média mundial, apesar do folclore. Isso é folclore”, disse Serra. As informações são de reportagem deste domingo (4) do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro defendeu a tarifa ponderada como a mais adequada para avaliar a abertura comercial dos países – volume arrecadado com tarifas com imposto de importação, dividido pelo total de importações. “Aí você vai ver que o Brasil não tem essa posição que afirmam”, apontou. “Não sou contrário que abramos a economia. Eu sou a favor da reciprocidade. Toma lá, dá cá”, acrescentou.

Atualmente, o G-20 debate a chamada “escalada tarifária”: quando os países impõem taxas de importação crescentes de acordo com a complexidade do produto. Dois exemplos do fenômeno são a soja e o café, itens da pauta brasileira. Quando se compra o grão da soja ou do café, a alíquota é baixa, e sobe à medida que o produto é refinado. Ou seja, o café moído e o solúvel acabam saindo mais caro. Para o governo brasileiro, a estratégia empobrece a pauta exportadora, já que o país passa a vender produtos cada vez mais básicos.

“O comércio não é apenas vender e gerar emprego. Se está acontecendo no Brasil um processo de ‘primarização’ das exportações, me pareceu adequado apresentar esse problema e explicar quais são seus mecanismos, porque não é uma questão tão óbvia”, explicou o chanceler.

Serra também explicitou o interesse brasileiro em ter a China, a segunda maior economia do mundo, como uma parceira. “Quero lembrar que a China é o principal mercado do Brasil e, ao mesmo tempo, o Brasil é o principal abastecedor da China. Metade da soja que a China importa vem do Brasil. Um depende do outro”, avaliou. “Nosso interesse pela China não é apenas comercial. É também pelos investimentos chineses”, completou o tucano.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

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05/09/2016