Em entrevista, Bruno Covas critica censura: “São Paulo é símbolo da luta pela democracia”
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, disse que orçamento do município para 2020 terá um incremento de 13%, indo de R$ 60 bilhões para R$ 69 bilhões, apesar da queda nos repasses da União para a capital. “Invertemos um déficit de R$ 7 bilhões em 2017 para um orçamento com R$ 7,5 bilhões de investimentos em obras, infraestrutura, zeladoria”, contou.
Em entrevista publicada no jornal “Folha de S.Paulo”, o prefeito afirmou que sente o presidente Bolsonaro mais preocupado em “derrotar o comunismo no mundo” do que em resolver as questões orçamentárias do país. “Eles estão passando pelas dificuldades naturais que se tem no primeiro ano de gestão. Espero que a gente possa recompor isso”, disse, reiterando que “há uma dificuldade de deixar de lado o palanque para focar no dia a dia”.
Bruno Covas criticou episódios de censura, em especial às manifestações culturais, protagonizados pelo governo federal. Em janeiro, a capital paulista vai abrigar o festival “Verão sem Censura”. Promovido pela administração municipal, o evento vai incluir espetáculos que sofreram críticas ou vetos da gestão Bolsonaro.
“São Paulo é a cidade símbolo da luta pela democracia, da luta pelo impeachment. A avenida Paulista abriga qualquer tipo de manifestação — seja a do Lula Livre, seja a do passe livre, seja a do impeachment, seja a favor da volta da ditadura. Aqui é um espaço democrático. E a cultura é um pouco isso. Não dá para censurar”, afirmou.
Ainda assim, disse Bruno, não é possível “apostar contra o país” só porque um fortalecimento da economia favoreceria o presidente. “Político não pode ser como biruta de aeroporto que o vento tá pra lá, tá pra cá que ele muda de opinião”.
O prefeito argumentou que o centro político não foi escolhido pela população nas últimas eleições, mas que não é preciso “mudar de lado” por isso. Para ele, as pessoas voltarão a “buscar o bom senso” que esse centro representa.
Na entrevista à jornalista Mônica Bergamo, Bruno Covas falou ainda da luta que enfrenta contra o câncer e se disse “impressionado” com a solidariedade das pessoas, mesmo desconhecidas por ele, de todos os lugares do país. “Não só me impressiona como ajuda. Se as pessoas estão tão preocupadas, como vou deixar de lutar?”