Em seis meses, mais de 7 mil venezuelanos já pediram refúgio no Brasil

Notícias - 07/08/2017

Brasília (DF) – O drama dos venezuelanos, submetidos às crises econômica, política e social capitaneadas pelo governo do presidente Nicolás Maduro, tem obrigado boa parte da população a deixar o país em busca de abrigo no Brasil. Com a esperança de reconstruírem suas vidas e escaparem do desabastecimento que assola a região, 7,8 mil cidadãos da Venezuela já entraram com pedidos de refúgio no Brasil, apenas de janeiro a julho deste ano.

O problema é que o número de pedidos cresceu exponencialmente com o agravamento da crise no país vizinho. Para se ter uma ideia, em todo o ano passado foram registradas apenas 3,3 mil solicitações de refúgio em terras brasileiras, em todos os estados. O Brasil já é a nação número um entre os venezuelanos na escolha entre os países da América Latina.

As informações são de reportagem publicada nesta segunda-feira (7) pelo jornal Correio Braziliense.

Para o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), a abertura diplomática brasileira a outros países, além da situação de completa calamidade que se instaurou na Venezuela, explicam a grande demanda de refugiados em busca de melhores condições de vida no Brasil.

“À medida que a crise da Venezuela se agrava e não surge nenhuma expectativa de solução, porque a nação está muito dividida, a pobreza e as dificuldades econômicas vão só aumentando. A Venezuela está passando por um processo de recessão, de inflação descontrolada dos gêneros alimentícios, até de bens de consumo mais elementares, já há algum tempo, e o impasse político não está levando a uma solução, nem mesmo com a intervenção externa e as sanções sendo previstas, tanto por parte dos países do Mercosul como de outros países de fora. Isso tudo leva quem está em uma situação mais difícil lá dentro a sair, e o Brasil tem uma fronteira bastante aberta a refugiados aqui na América do Sul, o que tem permitido que vá aumentando cada vez mais esse número”, constatou o parlamentar.

O tucano destacou que o número de refugiados procurando abrigo no Brasil não é “insuportável para a gente receber”, mas dificulta a situação de estados que não estão estruturados para tal, como Roraima e Rondônia, principais portas de entrada dos imigrantes.

“O governo tem que fazer uma avaliação urgente e tomar alguma providência, seja para receber os refugiados, dar o asilo, que é previsto pelas relações diplomáticas, como também para ajudar Roraima e outros estados que estão sendo mais procurados, para que possam dar estrutura a esses refugiados e recebê-los”, avaliou.

Pela legislação brasileira, para conseguir residência permanente no país é preciso que o processo seja aprovado pela Secretaria Nacional de Justiça ou pela Polícia Federal. Atualmente, o Brasil tem 12.960 solicitações desse tipo em andamento, atrás apenas dos Estados Unidos, que registram 18 mil pedidos em tramitação.

Ajuda à Venezuela

O deputado Silvio Torres lamentou, no entanto, que o refúgio aos venezuelanos seja a única ajuda que o Brasil é capaz de oferecer à população do país vizinho, já que o governo de Nicolás Maduro tem sistematicamente se recusado a ouvir os apelos internacionais pelo respeito à democracia e aos direitos humanos.

“O Brasil tem tentado, já fez sugestões diplomáticas, vem fazendo, há algum tempo. Mas a crise lá é permanente e, além disso, o Nicolás Maduro e aqueles que o apoiam não aceitam qualquer tipo de intervenção, até mesmo por parte dos membros do Mercosul, que já previa em seu estatuto que quando se quebra a unidade, e especialmente não se respeita a democracia, o país pode sofrer sanções políticas. Infelizmente, eles não têm dado ouvidos, por isso acho muito difícil que nós possamos ajudar mais”, completou o tucano.

Leia AQUI a reportagem do jornal Correio Braziliense.

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07/08/2017