Em Sergipe, Lula diz que “talvez” tenha cometido erros em seu governo

Notícias - 21/08/2017
Foto: Ricardo Stuckert

Brasília (DF) – Em mais uma etapa de sua peregrinação pela região Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou minimizar os erros cometidos por sua gestão e pela ex-presidente cassada Dilma Rousseff, que conduziram o Brasil à pior crise política, econômica e social de sua história. Para um público composto de simpatizantes, o petista afirmou neste domingo (20), em passagem por Estância (SE), que “talvez” tenha cometidos erros em seu governo, usando o plural em uma tentativa de dividir a responsabilidade com a sua sucessora.

“Sei que não fizemos tudo, talvez tenhamos cometido erros. Se a companheira Dilma estivesse aqui, com certeza iria reconhecer que teve erros”, disse Lula. As informações são de reportagem publicada nesta segunda-feira (21) pelo jornal Folha de S. Paulo.

A autocrítica, no entanto, não durou muito tempo. Ao falar sobre os processos a que responde na Justiça, – um total de seis, sendo que o petista já foi condenado a nove anos e seis meses de prisão em um deles, por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do apartamento tríplex no Guarujá (SP) – Lula voltou a se dizer perseguido pela imprensa e pela elite, que nunca o perdoou por ter ‘levado o filé à mesa do pobre’.

“Eu resolvi andar porque vocês sabem o que estão tentando fazer comigo. Tenham certeza que o problema não é o Lula. O problema são vocês”, disse. “Eles não nos perdoam. Eles não me perdoam porque os pobres começaram a viajar a São Paulo de avião. Não me perdoam porque os pobres passaram a ocupar aeroporto, frequentar shopping. Ele deixou de comer acém para comer filé, contrafilé; porque deixou de comer pescoço e pé para comer coxa, sobrecoxa e peito de frango”, acrescentou.

Vereador em Aracaju, um dos destinos da caravana do ex-presidente Lula, o tucano João Adriano Oliveira (PSDB-SE) questionou as declarações do petista, que insiste em dizer que o Brasil saiu da pobreza graças ao seu governo.

“Essa visão que ele [Lula] tem, de falar que tirou o Brasil da pobreza, não tem base nenhuma. Tenho certeza que no Brasil as pessoas continuam pobres. Nós temos 14 milhões de desempregados, e isso já vem da gestão dele, do governo dele e da ex-presidente Dilma. Essa visita dele no Nordeste não vai resolver o problema do Brasil. A crise política que se implantou no governo de Dilma fez o Brasil perder a credibilidade, e não é discurso que vai trazer o emprego de volta para a sociedade”, constatou.

Para o tucano, Lula deveria usar a influência política que ainda lhe resta para fazer algo útil pelos brasileiros.

“Estou vendo uma pré-campanha antecipada. Acho que, esse momento, já que ele ainda tem influência no país, era o de trabalhar com sugestões, com ideias, que pudessem melhorar a segurança no país, reduzir o índice de violência, a saúde, a educação, para que o Brasil voltasse a crescer e gerasse empregos. Essa andança dele é desnecessária. Não é isso que a sociedade quer. A sociedade quer programas, quer soluções emergenciais”, destacou.

Decisão do povo

Em Sergipe, o ex-presidente Lula também tentou minimizar as investigações das quais é alvo, nas operações Lava Jato, Janus e Zelotes, dizendo que a decisão de uma eventual candidatura sua à Presidência da República em 2018 cabe ao povo, e não à Justiça.

“Eu não sei se vou poder ser candidato, não sei o que vai ter. Mas quero que eles saibam que quem vai decidir se eu sou candidato será o povo brasileiro. Se vocês me disserem não, me aquieto lá em São Bernardo do Campo; mas se vocês disserem sim, eu vou ficar com as canelas magras de andar pelo país, defendendo a honra do nosso povo”, afirmou.

O discurso, segundo o vereador João Adriano, tem um único objetivo: sensibilizar a opinião pública em uma tentativa de coibir novas condenações.

“Sabemos que há uma culpa muito grande do ex-presidente Lula. O que ele quer é sensibilizar, quer trazer o povo para o seu lado com medo de uma possível prisão que ele venha a ter. Ele está achando que, visitando o Nordeste, onde estão as pessoas mais carentes, mais necessitadas, e que muitas das vezes não acompanham a política, o dia a dia, ele vai mostrar a força política que ainda tem, e isso vai fazer com que ele não seja preso junto a outros que foram presos”, ressaltou.

“Vejo isso como desnecessário. A única coisa que ele está fazendo é querendo usar a sociedade para talvez livrar ele de algum crime que tenha cometido”, completou o tucano.

Leia AQUI a reportagem da Folha de S. Paulo.

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21/08/2017