‘Eu não sabia’: Dilma repete discurso de Lula para tentar justificar pagamento de caixa dois a marqueteiro

“Prática durante a campanha se refletiu, infelizmente, no governo que o Brasil teve durante os anos de gestão petista”, disse Izalci

Imprensa - 22/07/2016

RSF_dilma_elpais_201606200071Brasília (DF) – Um dia após o marqueteiro João Santana e sua mulher, a empresária Mônica Moura, admitirem à Justiça terem recebido dinheiro de caixa 2 como pagamento por serviços prestados à campanha de Dilma Rousseff, em 2010, a presidente afastada declarou, em entrevista, que não autorizou o pagamento e que, se houve o caixa dois, o processo foi realizado sem o seu conhecimento. As informações são de reportagem publicada nesta sexta-feira (22) pelo jornal Folha de S. Paulo.

Na tentativa de se justificar, a petista recorreu ao velho discurso do ‘eu não sabia’, repetitivamente usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando o seu nome foi implicado em escândalos como o do mensalão. “Não autorizei pagamento de caixa dois para ninguém. Se houve pagamento, não foi com o meu conhecimento”, afirmou Dilma, em seu perfil no Twitter.

Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, a empresária Mônica Moura contou que o dinheiro recebido, que chegou a US$ 4,5 milhões, era relativo a “dívidas da campanha presidencial de 2010”. Ela e o marido, João Santana, foram os responsáveis pelo marketing das campanhas do ex-presidente Lula, em 2006, e das duas campanhas de Dilma, em 2010 e 2014. Ela disse ainda que o doleiro Zwi Scornicki, de quem receberam o dinheiro, foi indicado a ela pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Para o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), é natural que a presidente afastada Dilma diga que não tinha conhecimento do pagamento, o que reforça a prática petista de se recusar a admitir os próprios erros.

“O certo dela [de Dilma] é isso mesmo, usar o discurso do ‘eu não sabia de nada’ tão difundido pelo seu antecessor, o Lula. É natural ela dizer isso. Agora, é óbvio que todo mundo sabe que teve, que está comprovado o pagamento com caixa dois, não só com relação aos marqueteiros, mas também outros empresários confirmaram isso. Evidente que se ela admitisse, estaria admitindo um crime. Por isso, ela vai negar até o final, até que haja provas”, considerou.

Blindagem a Dilma

O marqueteiro João Santana também admitiu ter mentido à Polícia Federal no primeiro depoimento prestado, em março, para proteger Dilma Rousseff. Na época, o publicitário disse que o dinheiro recebido era proveniente de campanhas eleitorais que fizeram no exterior. “Eu achava que isso poderia prejudicar profundamente a presidente Dilma”, revelou Santana. “Eu que ajudei, de certa maneira, a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente. Nessa época, já se iniciava um processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto. Sabia que isso poderia gerar um grave problema”, destacou.

Santana e Mônica Moura também assumiram a prática de caixa dois como recorrente em campanhas eleitorais.

O deputado Izalci ressaltou que as campanhas petistas sempre estiveram “crivadas de problemas”. “Isso só confirma o que já sabíamos. A campanha [de Dilma] foi muito estruturada e muito aparelhada, era nítida essa questão dos recursos provenientes de caixa dois. Essa prática durante a campanha se refletiu, infelizmente, no governo que o Brasil teve durante os anos de gestão petista”, completou o parlamentar.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

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22/07/2016