Ex-governador Ronaldo Cunha Lima morre em João Pessoa
Ex-governador da Paraíba faleceu aos 76 anos, de câncer no pulmão. Enterro será neste domingo
Brasília – O ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima faleceu na manhã deste sábado, aos 76 anos, em João Pessoa. Pai do senador Cássio Cunha Lima, Ronaldo lutava há 7 meses contra um câncer no pulmão.
Pelo Twitter, o senador confirmou o falecimento do pai e agradeceu a solidariedade que vem recebendo dos amigos. “Os Poetas não morrem! O Poeta Ronaldo Cunha Lima, após uma vida digna, descansou. Louvamos a Deus pela bela existência do Poeta Ronaldo e agradecemos a todos por toda solidariedade!”, afirmou Cássio Cunha Lima.
O corpo do ex-governador foi velado no sábado em João Pessoa e depois seguiu para Campina Grande, onde será enterrado neste domingo.
Campina Grande foi o cenário da vida pública de Ronaldo, onde ainda jovem se envolveu com o movimento estudantil e acabou dando início a uma das mais longas trajetórias políticas da Paraíba.
Já aos 23 anos, em 1959, foi eleito vereador pelo PTB. No ano de 1963 foi eleito deputado estadual e em 1967 reeleito. Em 1969 foi eleito prefeito de Campina Grande, pelo MDB, mas teve seu mandato cassado pela Ditadura Militar pouco mais de um mês depois de assumir.
Depois de passar dez anos fora da Paraíba, exilado na região Sudeste, Ronaldo Cunha Lima retornou à Campina Grande e retomou a carreira política. Em 1982 foi novamente eleito prefeito da cidade, pelo PMDB, e assumiu o cargo em 1983. Sua gestão ficou marcada pela construção do Parque do Povo, espaço que se tornou palco da festa que hoje é conhecida como o ‘Maior São João do Mundo’.
Em 1990, nas primeiras eleições gerais depois da redemocratização, Ronaldo foi eleito governador da Paraíba. Renunciou ao cargo no início de 1994, sendo substituído por Cícero Lucena, para concorrer nas eleições para o Senado Federal. Naquele ano o PMDB foi o grande vitorioso das eleições, elegendo Ronaldo e Humberto Lucena como senadores e Antônio Mariz para o governo do estado.
Em 1999, quando ainda estava no exercício do mandato de senador, Ronaldo sofreu AVC que o deixou com a saúde debilitada. Apesar disso, não desistiu da vida pública e ao término do seu mandato no Senado em 2002, se candidatou ao cargo de deputado federal e foi eleito com a segunda maior votação do estado, com mais de 95 mil votos. Em 2006 ele se candidatou mais uma vez e foi reeleito quase sem fazer campanha.
Com uma história política de quase 50 anos, foi vereador, prefeito, deputado, senador e governador. Além da política, se destacou no cenário nacional e internacional como poeta e publicou diversos livros. Ronaldo Cunha Lima era um orador brilhante, grande contador de “causos” e, tal era a admiração dos paraibanos pelo Poeta, que dele se dizia que não tinha votos. Tinha devotos.
Leia abaixo um poema do ex-governador:
Quero morrer de manhã
Quero morrer de manhã.
Janelas abertas.
Contemplando o sol e a vida.
Quero morrer de manhã.
Deve ser bonito um ocaso numa aurora.
Não quero camas brancas, cadeiras brancas
que fazem pensar que a gente vai morrer.
Quero morrer de manhã.
Os galos cantando.
O sol na vidraça,
e a vida passando lá fora.
Quero morrer de manhã.
A interminável noite virá depois
claro-escuro, de madrugada,
quero morrer de manhã.
Deve ser bonito um ocaso numa aurora
haverá sol, haverá luz, haverá vida
e ninguém há de pensar que eu vou morrer.
Ronaldo Cunha Lima