Fernando Henrique repudia hipótese de fechamento do STF

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se manifestou neste domingo (21) em seu perfil nas redes sociais após a circulação do vídeo, gravado há quatro meses, em que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) diz que “para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) basta mandar um cabo e um soldado”. Filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro, o parlamentar foi reeleito este ano.
Em sua conta no Twitter, o tucano afirmou que as declarações do deputado merecem repúdio dos democratas e ameaçam as instituições democráticas.
“Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição”, reagiu.
No mesmo vídeo, Eduardo Bolsonaro afirma, em tom de ameaça, que se o STF impugnar a candidatura do pai “terá que pagar para ver o que acontece”. “O STF vai ter que pagar para ver. E aí quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo”, afirmou.
O deputado continuou questionando a importância da instituição. “O que que é o STF, cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua? Você acha que a população… Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF?”, questionou.
Ministros
Desde ontem, ao menos três ministros da Corte já vieram a público repudiar as declarações de Eduardo Bolsonaro. Para o ministro Celso de Mello, a declaração do parlamentar é “inconsequente” e “golpista”.
“Mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar, cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República”, afirmou o magistrado ao jornal Folha de S. Paulo.
O ministro Marco Aurélio Mello declarou que vivemos “tempos estranhos” e que a fala de Bolsonaro representa uma falta de “respeito com as instituições pátrias”. “Vamos ver onde é que vamos parar”, disse.
*Reportagem Clarissa Lemgruber