FGTS acumula perdas acima da inflação; para tucano, decisões do PT agravaram quadro
Brasília (DF) – Criado com o objetivo de proteger os direitos do trabalhador, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não tem se mostrado muito vantajoso. Segundo estudo feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o dinheiro aplicado no FGTS acumulou uma perda de 39% para a inflação nos últimos 17 anos. Só no ano passado, essa defasagem foi de 1,22%, ficando atrás de todas as aplicações que não envolvem alto risco. As informações são de reportagem desta segunda-feira (23) do portal G1.
O diretor executivo de estudos da Anefac, Miguel de Oliveira, explicou que, quando a rentabilidade uma aplicação financeira fica abaixo da inflação no período, o retorno real é negativo e há uma perda do poder de compra. Foi o que aconteceu com os trabalhadores que têm dinheiro no FGTS.
“Tirando os investimentos de alto risco, foi o pior retorno entre as aplicações financeiras, como tem sido todos os anos”, disse. “A rentabilidade é tão baixa que o FGTS nem pode ser considerado um investimento”, acrescentou, ao G1.
Com exceção do FGTS, todos os investimentos que não envolvem alto risco, ou seja, renda variável, tiveram desempenhos acima da inflação oficial em 2016. Quem tinha R$ 1 mil aplicados no FGTS em janeiro de 2016, por exemplo, terminou o ano com R$ 1.050,10. Se o mesmo valor tivesse sido aplicado na poupança, o acúmulo teria sido de R$ 1.083. Já no Ibovespa, o rendimento seria de R$ 1.389,39.
O deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou que a situação do FGTS se agravou durante os 13 anos de gestão petista por conta da corrupção e de investimentos malsucedidos. O tucano avaliou que os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff falharam ao não proporem reformas que beneficiassem os trabalhadores.
“A remuneração do Fundo de Garantia é menor do que no mercado de capital. Então, se todo mundo pudesse sacar o dinheiro e depositar na poupança, ou em renda fixa, ou em papéis do governo, o rendimento seria muito maior. O Fundo de Garantia também é usado para os programas que financiam habitação, infraestrutura, então remunera muito mal. Só que o trabalhador não tem opção de tirar ou não tirar o dinheiro dele do Fundo, ele não pode. O governo é que não colocou esse ponto [valorização do FGTS] como um ponto que deveria ser prioridade: pelo menos uma remuneração justa, como a da poupança, por exemplo”, constatou.
Novas políticas
Para melhorar a situação do Fundo e recuperar a economia, o governo do presidente Michel Temer tem anunciado uma série de medidas. Em 2017, cerca de 10,2 milhões de trabalhadores poderão sacar o dinheiro de contas inativas do FGTS. A retirada do dinheiro será integral e em qualquer valor, e promete injetar cerca de R$ 30 bilhões na economia brasileira.
Além disso, a remuneração do fundo será maior a partir de 2017. O governo pretende distribuir aos trabalhadores metade do lucro obtido com os investimentos feitos pelo Fundo.
“Existem muitas contas que foram paralisadas. Às vezes, a pessoa muda de trabalho ou deixa o emprego e não saca o Fundo, então tem muita conta paralisada. Esse dinheiro vai ser liberado agora justamente para isso: para o trabalhador sacar, para melhorar e movimentar a economia. O trabalhador vai pagar suas dívidas, vai comprar, vai construir. É mais uma forma de colocar reforço no mercado”, salientou o deputado Izalci.
Para o parlamentar, o aumento da remuneração do FGTS também é uma boa medida para ressarcir os brasileiros pelas perdas sofridas. “Não é justo ter um rendimento menor do que qualquer remuneração que se paga em qualquer rendimento tradicional, ou do próprio governo. Aliás, o governo paga muito mais. Se você pegar a Selic [taxa básica de juros], é muito maior do que a própria poupança, e o Fundo de Garantia está abaixo disso. Por isso, com certeza é uma boa medida, que vai beneficiar muita gente”, completou o tucano.
Leia AQUI a íntegra da reportagem do portal G1.