FHC: “É necessário colocar um ponto final na corrupção”
Brasília (DF) – Ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso afirmou que a corrupção no Brasil chegou a tal ponto que é necessário colocar um ponto final. Em Buenos Aires para participar da chamada ‘Cumbre del Círculo de Montevideo’, encontro de ex-presidentes que contou com a presença do líder argentino Mauricio Macri e de empresários como o mexicano Carlos Slim, o tucano avaliou que o processo de investigação conduzido pela força-tarefa da Operação Lava Jato é saudável para as instituições brasileiras.
“A corrupção chegou a tal ponto que era necessário colocar um ponto final. A investigação da Lava Jato tem o mérito de fazer isso e de enfatizar os males que foram cometidos no Brasil”, enfatizou, em entrevista ao jornal argentino Clarín.
“Os procuradores estão exercendo seu papel, e além disso têm conexões nacionais e internacionais. O mundo atual é muito mais transparente e tudo o que foi feito, aparece. Isso não é suficiente para que um promotor de Justiça aponte o dedo para uma pessoa e a considere culpada. Mas necessitamos da Justiça e acho muito saudável o que ocorre no Brasil”, disse, ao comentar o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sergio Moro, na última quarta-feira (10).
Fernando Henrique classificou o aparente favoritismo de Lula nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República em 2018 como algo “momentâneo”.
“Não podemos negar que Lula é um líder com muita capacidade de expressar as coisas com palavras e de convencer as pessoas sobre sua própria capacidade. Eu venci Lula duas vezes, e no primeiro turno. Não podemos achar que Lula é invencível”, constatou.
O tucano também comparou a situação da ex-presidente cassada Dilma Rousseff com a da ex-mandatária argentina Cristina Kirchner.
“As duas perderam capacidade de governar. Foi isso que significou o impeachment no Brasil. A economia estava paralisada e Dilma perdeu sua representação política. Cristina também. Já em relação à trajetória pessoal, não são comparáveis”, ressaltou.
O ex-presidente brasileiro repercutiu ainda decisão da Suprema Corte de Justiça argentina que aplicou um mecanismo de redução de pena a um repressor da ditadura. Protestos foram realizados no país contra determinação.
“Aqui na Argentina é realizado um debate que jamais foi realizado no Brasil. Vocês, na Argentina, estão na frente. E na minha opinião não é conveniente retroceder, principalmente no caso daqueles que praticaram tortura e outras violações. Acho positivo que o Congresso [argentino] cancelou esta medida [de redução de pena para crimes contra a humanidade]. Eu não fui torturado, mas estive preso e fui exilado. Não posso olhar com satisfação que sejam fechados os olhos para o que ocorreu no passado. Não se trata de vingança, mas os que participaram da repressão não podem ser beneficiados”, completou.
Leia AQUI a entrevista de FHC ao jornal argentino Clarín.