Fila de espera por vagas em creches tem mais de 200 mil crianças apenas nas sete maiores capitais do país
O deputado federal Giuseppe Vecci acredita que o déficit de vagas é refletido nos baixos índices de qualidade educacional em idades mais avançadas
Mais de 200 mil crianças de até três anos de idade estão fora da creche por falta de vaga – e isso apenas nas sete maiores capitais do país. É o que revela um levantamento realizado pela GloboNews divulgado pela emissora nesta segunda-feira (12). Segundo o estudo, a cidade com o maior déficit é São Paulo, onde 133 mil crianças estão atualmente na fila da espera. O Rio de Janeiro aparece na segunda posição, com 25 mil crianças fora das creches por escassez de vagas.
Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o Brasil deve ampliar, até 2024, a oferta de educação infantil em creches para atender a, no mínimo, 50% das crianças de até três anos. No entanto, os últimos dados, de 2014, indicam que somente 29,6% das crianças com essa idade estão matriculadas em creches no país.
Membro da Comissão de Educação da Câmara e autor de um projeto que propunha a instituição do auxílio-creche no país, o deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB-GO) acredita que o déficit de vagas em creches no país é refletido nos baixos índices de qualidade educacional em idades mais avançadas, como demonstrado pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em que o Brasil aparece entre os últimos colocados.
“Hoje, acaba se criando um processo de analfabetismo logo no início. Quando você tem um Pisa, um sistema de avaliação, quer seja do Ideb, quer seja do Enem, que reflete lá na frente, tudo isso é consequência de não alfabetizar de uma forma correta na idade inicial”, analisou o parlamentar. O tucano ainda afirmou que, diante da falta de recursos enfrentada por todo o país, é necessário tirar de outros setores para promover o acesso às creches. “Se hoje o Ensino Superior está comendo R$ 30 bilhões, vai ter que tirar um pedaço disso para poder suprir a formação básica da criança”, acrescentou.
Vecci também destaca as parcerias com setores da sociedade civil e com a iniciativa privada como alternativas para suprir a demanda por vagas em creches. Na visão do tucano, é essencial que o número de pessoas na fila de espera por uma vaga seja diminuída, independentemente do fato de as vagas serem ofertadas diretamente pelo setor público ou não.
“O que é fundamental não é apenas a construção da creche, é uma creche com qualidade, uma vaga de creche com qualidade. Se a igreja, se o sindicato, se a maçonaria ou quem quer que seja tem vaga, o interessante é que o Estado pudesse comprá-la num padrão de qualidade que pudesse atender a demanda das pessoas para suprir toda essa defasagem, esse déficit de vagas no Brasil”, afirmou o deputado.
“Se você faz tudo isso do ponto de vista do governo, do ponto de vista estatal, você tem toda uma burocracia para fazer o projeto, licitar, contratar o servidor público, o funcionário, e é por isso que nós temos déficit. A minha ideia é que a gente pudesse fazer um processo de seleção em nível nacional para ver quem tem, dentro de um padrão de qualidade, condição de ofertar vagas”, emendou o tucano.
Desemprego
A reportagem da GloboNews destaca ainda que, além da questão educacional, o déficit de vagas em creches traz impactos econômicos e sociais, uma vez que as mães que não podem matricular seus filhos nas creches fixam impossibilitadas de trabalhar. Há casos de mães esperando na fila por mais de dois anos. Para Giuseppe Vecci, o problema não será solucionado apenas com a oferta de vagas em creches, mas com a recuperação da economia brasileira.
“[É necessária] a retomada da nossa economia, para gerar empregos, porque senão a pessoa vai ficar em casa esperando o filho chegar da creche. Vai ter que retomar os investimentos, chamar a iniciativa privada, fazer rodar tudo aquilo que tem sido discursado mas não tem sido implementado na velocidade que todos nós desejamos”, salientou o tucano.
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