“Força-tarefa multipartidária” é nova ação para Lula ser visto como vítima da Lava Jato, revela jornal

Caio Nárcio: “Movimento para defender o seu nome não terá valor objetivo se não vier acompanhado de boas explicações”

Imprensa - 24/10/2016

Lula FOTO EBCBrasília (DF) – A nova carta na manga da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar convencer a opinião pública de que o petista é vítima de perseguição na Operação Lava Jato, na qual é réu, é o lançamento de uma campanha nacional em reação às investigações e ações penais em andamento. Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (24) pelo jornal Valor Econômico, foi constituída uma ‘força-tarefa multipartidária’ que coordenará e organizará ações em todo o país, propagando versões em defesa de Lula e de seus dois mandatos à frente da Presidência da República.

O primeiro ato deverá ser o lançamento da campanha, no próximo dia 7, em São Paulo, com a presença de juristas, militantes e simpatizantes do petismo. A iniciativa também pretende inaugurar comitês estaduais pró-Lula, que estaria disposto a percorrer o país, segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos coordenadores do movimento, “não em sua defesa pessoal, e sim dos direitos que ajudou a conquistar e que o atual governo quer extinguir”.

Vale lembrar que o próprio Carvalho é um dos investigados da Operação Zelotes, que apura a compra e venda de medidas provisórias nos governos do PT.

Para o deputado federal Caio Nárcio (PSDB-MG), nenhum tipo de movimento de defesa à Lula terá legitimidade caso o petista se recuse a oferecer à sociedade as explicações necessárias acerca das denúncias feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

“Qualquer tipo de movimento político para defender o seu legado, o seu nome, não terá nenhum valor objetivo se não vier acompanhado de boas explicações sobre as acusações que têm sido feitas contra ele”, disse. “Cada indivíduo tem a legitimidade de se defender e de fazer a sua defesa política também. Mas a grande pergunta, o que a população quer e precisa saber, em quanto à operação, é o que de fato aconteceu. Abrindo ou não comitês, fazendo ou não campanhas de defesa, o que as pessoas querem saber, e a sociedade como um todo, é o que de fato aconteceu, se ele tem culpa do que está sendo acusado ou não. Essa é a pergunta que precisa ser respondida”, afirmou o tucano.

Atualmente, Lula é réu em três ações penais, acusado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por ter recebido vantagens indevidas, na forma de propina de R$ 3,7 milhões, pagos na reforma de um tríplex no Guarujá (SP), e no custeio do armazenamento de seus bens. Lula também é suspeito de ter atuado na tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, e de ter facilitado empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que a Odebrecht executasse obras em Angola.

“Guerra jurídica”

A campanha nacional pró-Lula parte da premissa de que o ex-presidente seria “vítima de uma guerra jurídica” que, segundo Gilberto Carvalho, tem a finalidade de transformar o petista em “ficha suja” para afastá-lo da disputa pela sucessão presidencial em 2018. A propaganda também quer disseminar a ideia de que o ajuste fiscal promovido pelo governo do presidente Michel Temer vai acabar com direitos assegurados aos brasileiros.

O deputado Caio Nárcio avaliou que o ex-presidente Lula deve, do ponto de vista jurídico, se explicar das acusações que lhe são feitas pela Justiça e apresentar provas do contrário, caso as tenha. O parlamentar criticou a estratégia que tem sido usada pela defesa do petista, que recorre à ataques a procuradores e juízes da Lava Jato ao invés de responder aos questionamentos feitos.

“Faz parte da defesa, quando entende que existe algum exagero em relação aos direitos que lhe cabe, poder exercê-los dentro da regra jurídica. Existem instrumentos que os advogados podem utilizar para poder demonstrar se houve algum equívoco. O grande problema é que, na maioria dos momentos, o que se tem percebido é que existe uma vontade de tentar desqualificar as acusações, mas sem mostrar o outro lado, as contraprovas do que está sendo acusado. São essas as respostas que a sociedade está precisando ouvir”, completou o tucano.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal Valor Econômico.

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24/10/2016