Governo do Pará promove inclusão de detentos pela leitura

O estado do Pará, governado pelo tucano Simão Jatene, vem trabalhando para amenizar a atual crise do sistema penitenciário brasileiro e ampliar o universo de possibilidades das pessoas que estão privadas da liberdade. A reinserção social tem sido trabalhada nas unidades prisionais do estado por meio dos livros. Há cinco anos, o projeto “Arca da Leitura” estimula os internos a lerem para se tornarem indivíduos melhores após o cumprimento da pena.
A inciativa é desenvolvida pela Coordenadoria de Educação Prisional da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) desde 2012 e consiste em uma biblioteca móvel administrada pelos próprios presos. O principal objetivo é estimular o hábito da leitura entre os internos dentro do bloco carcerário, além de resgatar valores como a responsabilidade e a organização. A ampliação dos conhecimentos dos cidadãos presos e o aumento da bagagem cultural também são prioridade do projeto.
A Arca da Leitura tem hoje 22 bibliotecas móveis em Belém e em presídios de dez municípios do interior do estado. No projeto, uma estante móvel com 150 livros fica sob a responsabilidade de um interno, que leva o acervo até outros presos no bloco carcerário.
“O monitor ganha a remissão de alguns dias da pena pelo trabalho. Eles fazem um controle dos livros lidos e anotam tudo diariamente. Esse projeto é de extrema importância diante dos problemas do nosso sistema carcerário”, explicou o diretor de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni.
Capeloni destacou que a função do Estado é preparar o indivíduo para retornar à sociedade como cidadão consciente de seus direitos e deveres e discernindo o certo do errado.
“Como fazer isso? Fazendo com que o encarcerado tenha acesso a informação, com projetos de leitura, de combate ao analfabetismo, fazendo com que eles completem o ensino fundamental e médio, participem do Enem prisional. Inclusive, temos 21 detentos fazendo curso superior dentro do cárcere aqui no Pará”, afirmou.
O diretor ressaltou que só é possível fazer um curso superior no regime fechado devido às faculdades que oferecem o Ensino a Distância (EAD). “O interno ou a família compram um notebook e nós disponibilizamos uma sala, geralmente na biblioteca da unidade. Bloqueamos esse computador para que eles não tenham acesso ao mundo exterior, continuem em regime fechado, tendo acesso apenas a plataforma de EAD para terminar o curso”, esclareceu.
A bibliotecária Sheila Cunha é a responsável por selecionar e catalogar as doações recebidas. Depois de separados e classificados, os títulos são direcionados às casas penais participantes. O acervo da Arca da Leitura conta hoje com mais de 20 mil livros didáticos e paradidáticos.
“O projeto é muito válido porque, além da oportunidade de leitura, damos treinamentos para que possam servir de monitores aos internos que estão no regime fechado e não podem ir até a biblioteca”, explica a bibliotecária.
O projeto está presente em unidades prisionais de Belém, Marituba, Santa Izabel do Pará, Castanhal, Capanema, Salinópolis, Bragança, Cametá, Mocajuba, Marabá, Itaituba, Paragominas e Tomé-Açu. Os interessados em doar livros ao projeto Arca da Leitura pode procurar a Coordenadoria de Educação Prisional da Susipe, em Belém, ou ligar para o telefone (91) 3239-4245.