Haddad: “Maduro é um presidente sem governabilidade”

Contrariado pela forte oposição ao seu governo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu que a população e as Forças Armadas se declarem “em insurreição popular constitucional geral” caso ocorra algo que afete seu governo, sua integridade física ou a legalidade de sua gestão. A declaração foi feita no último domingo (26), no programa Domingo com Maduro, transmitido pelo canal estatal VTV. O mandatário acrescentou que sua gestão pode ser atingida por produto de “conspirações do imperialismo, da direita e de traidores”. Integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP) vê o apelo de Maduro como mais uma declaração de guerra por parte do presidente.
“O que nós estamos assistindo é um presidente sem governabilidade e que não aceita uma oposição democrática. Ele radicaliza, usa todos os instrumentos possíveis, a mídia a seu favor, principalmente a estatal, e praticamente declara uma guerra no seu país”, afirmou o tucano.
A postura de Maduro tem intensificado os conflitos na Venezuela, que enfrenta uma série de manifestações há quase três meses. A oposição denuncia que o governo promoveu uma ruptura da ordem constitucional, especialmente ao usar sentenças do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) para assumir as competências do Parlamento. Enquanto isso, milhares de venezuelanos deixam o país para fugir da violência, fome e miséria. Para Haddad, é repugnante que o presidente faça a população refém de seus interesses políticos.
“Ele está demonstrando, por meio de suas atitudes, que o seu interesse em relação ao mandato, à manutenção do seu mandato, se sobrepõe aos interesses da população e do país venezuelano. O que nós estamos assistindo é um absurdo.”
A convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte acentuou a violência nos protestos. Segundo o Ministério Público venezuelano, foram registradas 75 mortes e mais de mil feridos.