Homenagem a Joaquim Francisco vira ato em defesa da seriedade na política e de um rumo para o país

O ex-governador e presidente do Instituto Teotonio Vilela de Pernambuco, Joaquim Francisco (PSDB), foi homenageado nesta quinta-feira (25) pelos seus 45 anos de vida pública. Na solenidade, que ocorreu no plenário da Câmara do Recife, o tucano lamentou o momento de crise pelo qual passa o Brasil e defendeu que qualquer saída para o país “tem de ser buscada pela via constitucional”.
“Nunca pensei que aos 69 anos idade, 45 de vida pública, ainda chegaria a um momento desse que o Brasil está vivendo. Pensei que as sementes plantadas, os gestos de brasileiros do passado e até contemporâneos pudessem nos fazer caminhar com mais perspectiva. Confio que o país vai encontrar uma saída e ela deve ser buscada através do processo constitucional, da eleição indireta que é prevista se houver a vacância da presidência, para que a gente tenha um período de um pouco mais de um ano até as eleições de 2018”, defendeu. A homenagem foi uma iniciativa do líder do PSDB na Câmara de Vereadores do Recife, André Régis.
O discurso do vereador, que abriu a solenidade de homenagem, também foi marcado por reflexões sobre o atual momento do país. André Régis ressaltou a importância de se homenagear um homem público que se dedicou “à causa mais nobre da política” e sempre se atuou em “defesa dos valores básicos da democracia”.
Para André Régis, homenagens a políticos como o ex-governador Joaquim Francisco – reconhecido pela competência e pelo exercício da política decente – são importantes para “afastar argumentos de que sempre houve no Brasil o que se assiste hoje”. “Esse argumento condena sem defesa todos os homens públicos exemplares. O que estamos vivendo é uma era da excepcionalidade. Onde a Cleptocracia tomou conta dos poderes. É preciso superar essa etapa vergonhosa da vida brasileira”, disse o vereador.
Entre os presentes na solenidade, ex-governadores de Pernambuco como João Lyra Neto (PSDB-PE), Roberto Magalhães e Gustavo Krause; o presidente do PSDB-PE, deputado Antônio Moraes; o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE); a coordenadora dos programas sociais do Ministério das Cidades no Nordeste, Izabel Urquiza (PSDB-PE); familiares, amigos, vereadores e deputados.
Leia o discurso do líder do PSDB na Câmara do Recife, André Régis:
“Estamos homenageando alguém que tem a estatura de motivar as pessoas a entrar na vida pública. Mas entrar defendendo ideias, princípios, tendo a vocação e o devido compromisso de servir e defender o bolso do contribuinte, de defender os valores básicos da democracia. Essa solenidade é bem-vinda porque estamos homenageando um ex-prefeito do Recife, por duas vezes. E quantas vezes a gente passa pela cidade e ver que as obras marcantes tiveram a sua vontade, a sua determinação. Como governador, da mesma forma.
Estamos prestando homenagem portanto a alguém que teve em sua vida a possibilidade de transitar em tantos cargos com a reputação absolutamente ilibada. Alguém que tem se dedicado à vida pública, à causa mais nobre da política. Não importa se no executivo ou legislativo, no campo municipal, estadual ou federal, em todos eles deu certo, foi competente, e foi reconhecido pela política limpa, decente. Isso é importante para afastarmos argumentos de corruptos que dizem que sempre houve o que estamos vendo hoje. Discordo, esse argumento condena sem defesa todos os homens públicos exemplares.
O que estamos vivendo é uma era da excepcionalidade. Onde a Cleptocracia tomou conta dos poderes. É preciso superar essa etapa vergonhosa da vida brasileira. Vivemos um momento de incerteza, sem saber sequer como termina o dia. E lamentavelmente vivemos numa sociedade que não discute seu futuro, mas apenas o presente. É preciso que a gente vença essa etapa para que o Brasil volte a crescer não apenas do ponto de vista econômico, mas restaure o processo civilizatório de um país decente.”
Leia o discurso do ex-governador Joaquim Francisco:
“Eu confio que o país vai encontrar um rumo, vai encontrar uma saída para esse momento de crise. E essa saída tem de ser constitucional. A medida tomada pelo governo (de uso das forças armadas para conter o vandalismo nas manifestações de Brasília na última quarta) foi com base na Constituição. Conheço outros momentos da história da vida constitucional do país, mas jamais um momento em que uma constituição foi tão louvada, tão defendida.
A convocação das forças armadas foi feita mais de 20 vezes para uma série de situações constitucionalmente permitidas. Ninguém ficou contra os manifestantes. Mas não tentem nos iludir que determinados tipos de participantes naquele evento não são bandidos. Eles incendiaram os ministérios, quebraram o patrimônio público, desrespeitaram a lei, afrontaram o país. Numa hora de tanta dificuldade, que manifestem livremente suas discordâncias, mas enfrentem através do argumento democrático. Não daquela forma.
Existem alternativas à crise e elas devem ser buscadas através do processo constitucional, através da eleição indireta que é prevista se houver a vacância da presidência para que a gente tenha um período de um pouco mais de um ano até as eleições de 2018. O povo brasileiro tem de começar a pensar nessa eleição. O povo não quer aceitar esse quadro que aí estar, então que ajude na mudança que depende de cada um de nós. Não há mágica. Como eu posso transformar se eu tenho o direito de escolher e escolho mal? Como se fazer uma transformação sem a percepção de que é preciso haver o engajamento de todos na busca dessas transformações?.
Nós temos que nos mobilizar em torno de um programa básico. As reformas devem ser aprovadas, a trabalhista e a previdenciária. A previdenciária foi feita em todos os lugares do mundo. Quando é que o brasileiro vai olhar para o que está dando certo no mundo? Como é que pode dar certo no mundo e não dá certo no Brasil? Não estamos praticando nada de extraordinário, uma jabuticaba brasileira, não! O mundo está fazendo isso.
Sobre nomes, quem é o nome para conduzir essa crise? Podemos pensar em nomes, mas coloco em primeiro plano, o plano, o que queremos, e depois veremos quem vai executar dentro de um amplo campo de apoio político, de união, de articulação. Precisamos pensar nos milhões de desempregados, nos milhares assassinados pela violência. A recomendação recente da ONU, levando em conta padrões estratégicos de julgamento, considerou o Brasil em estado de guerra civil. Como vamos sair disso? A contribuição que podemos dar é irmos para o campo da formulação, da união de ideias. Não podemos desanimar.
Nunca pensei que aos 69 anos idade, 45 de vida pública, ainda chegaria a um momento desse que o Brasil está vivendo. Pensei que as sementes plantadas, os gestos de brasileiros do passado e até contemporâneos pudessem nos fazer caminhar com mais perspectiva. Aquelas reformas que discutimos lá atrás, as metas que traçamos em tempos anteriores… Minha consciência não pesa. Dei minha contribuição em todos os momentos. Nunca me calei nas adversidades. Fiz o que foi possível fazer. Lutei, muitas vezes transigi quando necessário, outras não. Disputei muitas eleições, perdi duas, venci sete, jamais preocupado em estar sempre sintonizado com a opinião pública. Às vezes é preciso contrariá-la para seguir e tomar um rumo. Saio desses 45 vidas de vida pública consciente de que o acúmulo de conhecimento me permitiu contribuir e olhar para todos meus amigos e dizer: cumpri com o meu dever, mas ainda espero fazer mais pelo país, pelo meu estados, pela minha querida Recife.”
* Do PSDB-PE