Indústria registra queda de 6,6% em 2016: “É como se a gente estivesse em uma guerra”, avalia tucano
Brasília (DF) – O ano de 2016 deverá ficar marcado na história como o auge da maior crise econômica que o país já enfrentou até hoje, que, além de ter deixado 12 milhões de brasileiros desempregados, ainda tem fortes efeitos negativos sobre a indústria. Com uma queda de 6,6%, o ano passado foi o terceiro seguido de retração no setor. Nesse período, a produção industrial brasileira encolheu 17,9%. As informações são de reportagem publicada nesta quinta-feira (2) pelo jornal O Globo.
Ainda assim, a redução do ritmo de queda da indústria no final do ano passado sinaliza, na opinião de alguns especialistas, o início de uma recuperação em 2017. Em dezembro de 2016, o recuo do setor foi de apenas 0,1%, em relação com o mesmo período de 2015. Apesar de ter sido a 34ª taxa negativa consecutiva nessa comparação, foi a menos intensa.
O deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB-GO) comparou o estado da economia brasileira ao de um país em guerra. Segundo ele, a gestão incompetente dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff deixou de criar importantes oportunidades na indústria, afetando de maneira decisiva o setor.
“A indústria foi sucateada ao longo desses três anos. O Brasil perdeu posições grandiosas. É como se a gente estivesse em uma guerra, do ponto de vista industrial. A grande maioria da nossa economia foi destruída; não fisicamente, não do ponto de vista de equipamentos, mas do ponto de vista de perspectivas, em face de tudo aquilo de desastroso que foi cometido no passado”, disse o tucano.
Vale destacar que, nos últimos três anos, as quatro grandes categorias da indústria registraram quedas de dois dígitos, sendo que dois deles chegaram a quase 40%. No caso dos bens de capital, a redução foi de 39,8%. Já a produção de bens duráveis encolheu 36,8%.
Melhora à vista
Apesar do cenário desolado, as perspectivas são de uma melhora que, segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), já poderá ser detectada no segundo semestre deste ano. As projeções são de que o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria cresça 1,3% em 2017, alavancado por segmentos como o de alimentos e têxteis.
“O ritmo de queda vem reduzindo, e o quadro de emprego do setor já apresentou um crescimento em dezembro. Nossa expectativa é que a crise seja estancada este ano, mas isso vai ficar mais claro no segundo semestre, quando espera-se que a economia já tenha reagido”, avaliou o economista da CNI, Marcelo Azevedo, ao jornal O Globo.
Para Vecci, a redução do ritmo de queda da indústria também indica um aumento nas exportações de produtos manufaturados.
“Aumentou a importação, mas houve também o aumento das exportações brasileiras, capitaneadas por algum outro setor, como o automobilístico, ou da indústria de transformação. É um sinal de que, gradativamente, a condução e gestão do país vai caminhando para uma possibilidade de, mais à frente, nós acabarmos com o processo recessivo e retomarmos o processo de crescimento da economia”, constatou o parlamentar.
“Ter o final de um trimestre de 2016 com um crescimento, mesmo pequeno, mas positivo, principalmente se comparado com dezembro do ano passado, já é uma questão alentadora. É mais um passo para que nós possamos não comemorar, mas dizer que estamos no caminho certo das reformas, das condições melhores para a economia brasileira”, completou o tucano.