Insinuações são “estapafúrdias“, afirma Serra
Em nota, pré-candidato afirma que críticas ofendem o Judiciário e o Ministério Público
GILSE GUEDES e JOÃO DOMINGOS
BRASÍLIA – O pré-candidato tucano à Presidência, senador José Serra (SP), divulgou nota ontem à noite na qual afirma que “são estapafúrdias para não dizer “malucas“ – as insinuações de que existe alguma relação entre o episódio que envolve a empresa Lunus, ou o processo da Sudam e o PSDB“.
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pré-candidata do PFL, atribuiu à “banda irada do PSDB“ a invasão, pela Polícia Federal, da empresa da qual é dona em sociedade com o marido, Jorge Murad. Na sexta, afirmara que o próprio Serra era o responsável pela invasão.
Na nota, Serra diz ainda que não conhece os procuradores nem os juízes do Tocantins, muito menos suas representações e despachos. “A idéia de manipulação política ofende o Judiciário, o Ministério Público e o nosso partido“, disse na nota.
Serra afirmou ainda que faz esse esclarecimento, “até meio constrangido“, por verificar o deslizamento da campanha eleitoral para o terreno da apelação sistemática, que atrapalha a discussão das teses, idéias e propostas sobre o Brasil. “Por isso, reitero aqui o apelo que venho fazendo a todos os candidatos para que coloquemos nossas pretensões no terreno do debate sobre o que cada um fez na vida pública e o que pretende fazer caso seja eleito“.
Por fim, Serra afirmou que confia na renovação das alianças que hoje sustentam o presidente Fernando Henrique Cardoso. “E reitero também a disposição, que expressa a vontade do meu partido, para que renovemos as alianças políticas que nos permitirão chegar à vitória e dar condições de governabilidade ao País“.
Também à noite, o presidente nacional do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), divulgou nota na qual ataca o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira.
Segundo Bornhausen, ninguém esperaria do ministro da Justiça um aviso prévio, “que ele se vangloria de não ter feito“. Mas, segundo Bornhausen, “esperava-se que, diante da gravidade do fato, ele tivesse examinado a fundamentação legal do mandado de busca e apreensão antes de mesmo ser sumária e arbitrariamente executado“.
“Se tivesse lido e estudado, ele teria constatado, tal como sentenciou o presidente do Tribunal Regional Federal da 1.ª região, que não havia o fundamento legal para a busca a apreensão“.
Preocupação -O presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SC), afirmou também ontem à noite que seu partido e o presidente Fernando Henrique estão preocupados em garantir a governabilidade e a manutenção da aliança com o PFL. Mas não podem admitir que se obstrua uma ação do Poder Judiciário em favor de quem quer que seja.
“É o marido da governadora do Maranhão que foi afetado, mas e daí? O ministro da Justiça ou o governo não podem impedir a ação da Justiça porque seria um ato ilegal.“ A expectativa do presidente do PSDB é que os desentendimentos não gerem uma crise institucional e política. Diz que espera dos ministros do PFL que fiquem no governo, mas entende a posição do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, irmão da governadora, que está deixando hoje o governo.
A respeito da declaração de Roseana, de que a ação é da banda irada do PSDB, Anibal afirma que trata-se de uma “suposição leviana“. Para ele, a governadora, em vez de estar assumindo essa postura, deveria exigir esclarecimentos para que as investigações sejam concluídas.