Insistência no nome de Lula mostra que PT “não tem alternativas”, destaca Silvio Torres
Brasília (DF) – Devastado pelo resultado das eleições municipais de 2016, pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e pelo envolvimento de nomes chave de sua cúpula em escândalos de corrupção, o PT não tem alternativas para a corrida presidencial de 2018, a não ser insistir na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em artigo publicado nesta segunda-feira (16), o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, pediu apoio da militância para consolidar o nome de Lula como pré-candidato.
As informações são de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. No artigo, publicado no site do PT, Falcão diz que os militantes da sigla devem opinar publicamente sobre a possibilidade de Lula, réu em cinco ações nas Operações Zelotes e Lava Jato, concorrer novamente à Presidência da República. A expectativa é que com as manifestações de apoio, o petista possa ser lançado como candidato já no próximo Congresso Nacional do partido, programado para os dias 07, 08 e 09 de abril.
“Acho que chegou a hora de a militância começar a opinar publicamente. Quem sabe, assim, possamos, durante o 6º Congresso, torná-lo nosso candidato”, afirmou Falcão.
O secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP) avaliou que a estratégia do PT é fazer com que a população brasileira se esqueça dos processos a que o ex-presidente Lula responde na Justiça, apresentando-o como vítima de uma perseguição política.
“O PT não tem nenhuma alternativa. Sabe que, em 2018, a derrota das prefeituras vai se repetir nas Assembleias, na Câmara Federal, no Senado, nos governos estaduais. Eles estão buscando alguma chance para poder perder menos, digamos assim, e ao mesmo tempo estão colocando o Lula pré-candidato achando que, com isso, ele pode escapar dos processos, das denúncias, e justificar como perseguição política, uma vez que ele é pré-candidato. É claríssimo que a estratégia deles é essa”, destacou.
Sem ‘plano B’
Na última semana, Lula participou de duas agendas públicas, em Salvador e Brasília, onde reiterou que vai andar pelo país em 2017 disposto a recuperar sua própria imagem e a de seu partido. O petista alegou que está preparado para ser candidato à Presidência.
Já o presidente do PT, Rui Falcão, reforçou que o partido ainda não tomou uma decisão oficial quanto à candidatura de Lula, mas que não cogita um “plano B” para o que chamou de “aspiração nacional”: a volta de Lula ao comando do país. Segundo ele, o ex-presidente “sabe exatamente o que é preciso fazer para tirar o Brasil da crise, criar empregos e distribuir renda”.
Risco alto
Para Silvio Torres, o PT sabe que o risco de Lula ser condenado e talvez até preso é altíssimo, mas ainda assim tenta criar factoides e ocupar espaços na mídia.
“Eles sabem que Lula não vai se viabilizar como candidato porque vai cair na lei da Ficha Limpa, no mínimo. O partido não tem alternativas, não tem quadros. Os quadros que o partido imaginava que pudessem se viabilizar, parte deles já caiu pela estrada, pelo caminho, foram sendo presos, afastados. E mesmo os mais novos não têm nenhuma chance, como é o caso do Fernando Haddad [ex-prefeito de São Paulo], que perdeu a eleição no primeiro turno. A crise do PT tende a se agravar cada vez mais”, completou o parlamentar.