Íntegra do discurso de posse do Governador Rogério Salles na Assembléia Legislativa de MT
Senhoras e senhores,
É com muita honra que assumo neste momento o governo de nosso querido Estado de Mato Grosso. O faço tomado por um sentimento de grande responsabilidade. Tenho plena consciência do papel que a História me reservou e vou empregar meus melhores esforços para assegurar ao povo mato-grossense a continuidade desse trabalho que o governador Dante de Oliveira tem realizado.
Nos últimos três anos, fui um membro ativo de uma equipe que se impôs o compromisso de derrubar paradigmas, de melhorar, de produzir avanços políticos, econômicos, sociais e institucionais em Mato Grosso. Nossa meta é garantir às gerações futuras um Estado próspero e bom de se viver. Traçamos para isso um plano de metas e adotamos um rigoroso programa de ajuste fiscal que estão e que continuarão sendo cumpridos durante esse curto período do meu mandato.
Se assume aqui um outro homem, isto não significa que aqui encerra um governo e começa outro. Trata-se apenas de um novo momento de um mesmo governo. Fomos eleitos, Dante e eu, para um mandato de quatro anos. O companheiro Dante de Oliveira sai para cumprir uma nova missão e cabe a mim, ao substituí-lo, o dever cívico de garantir a continuidade desse processo de desenvolvimento, numa etapa jamais vista na História de Mato Grosso. Esse processo começou ainda no seu primeiro mandato, quando Dante teve a coragem de fazer os ajustes necessários na máquina pública, mesmo correndo o risco que muitas vezes assusta e acovarda alguns políticos, que é o da impopularidade.
Mato Grosso teve a sorte de ser o berço desse grande homem que goza, pela sua biografia e pelos seus méritos, de elevado prestígio no cenário nacional. Se Dante já é uma personalidade de destaque na História do Brasil por sua luta pela redemocratização do país, divide hoje a História de Mato Grosso em antes e depois de seu governo.
O que éramos antes? Um estado com um enorme potencial para crescer, mas amarrado na falta de estrutura para isso. Sem estradas, sem energia, sem credibilidade, enfim, sem projeto.
O que somos hoje? Um exemplo para o Brasil. E vejam que o Brasil melhorou, e melhorou muito com o presidente Fernando Henrique.
Nossa agricultura deu um salto em quantidade e qualidade. Mato Grosso é campeão nacional na produção e produtividade de soja e algodão e teremos em breve o maior rebanho bovino do país. De importadores de energia, já temos excedente para exportar e, com isso, criamos a base fundamental para a implantação de um sólido parque industrial para a transformação de nossas matérias-primas.
O volume de nossas exportações cresceu acima da média nacional.
O setor de transportes, que era outro gargalo de nosso desenvolvimento, tem hoje uma situação muito diferente. A ferrovia, o sonho dos mato-grossenses, já é uma realidade. Temos mais e melhores estradas e construímos muitas pontes, tudo isso para garantir o escoamento das nossas riquezas com frete mais barato e dar maior competitividade para nossos produtos.
É preciso salientar que tudo isso contou com a participação expressiva do setor produtivo, que esse governo soube transformar em parceiros do nosso desenvolvimento. O que havia antes? Queixas, desilusão, frustração e paralisia. O Distrito Industrial daqui de Cuiabá é uma prova disso. Há sete anos, 50% das empresas estavam fechadas. Nos últimos quatro anos, o número de empresas no Distrito Industrial triplicou. Hoje são mais de 80 empresas, gerando mais de sete mil empregos.
Ao lado dos indicadores econômicos, os indicadores sociais também mostram números alvissareiros. O emprego formal no Estado cresceu 5,12% em 2001, o que corresponde a duas vezes a média nacional e é o maior índice de todo o país. Mato Grosso é também o número 1 em geração de emprego de qualidade no Centro Oeste e o terceiro do país, perdendo apenas para Santa Catarina e Espírito Santo. Enfim, mudamos. Mudamos muito e para melhor.
Dentro da máquina pública temos também uma situação completamente diferente do passado, quando o servidor era tratado de forma indigna e desrespeitosa. Pagar salário em dia não é mais que obrigação. O Estado é um empregador como qualquer outro e nenhum funcionário pode trabalhar sem receber. Infelizmente, todos se lembram, há alguns anos a coisa não era assim. Hoje, o funcionalismo recebe mais do que salário em dia. Hoje, ele tem uma carreira, é valorizado. Valorizado, ele tem outra disposição para fazer o que se espera dele que é servir, e servir bem, à sociedade, que é quem paga os impostos, e tem, portanto, o direito de exigir serviços de qualidade.
A melhoria nos serviços públicos gerou ainda um outro benefício. Despertou a sociedade para a participação cada vez mais ativa nas ações do governo. Essa participação solidária, essa participação cidadã, tem sido fundamental para a implementação e para o sucesso de políticas públicas nas áreas da saúde, da educação, da segurança e do meio ambiente.
Tenho clareza de que nada disso seria possível sem um relacionamento harmônico, respeitoso e democrático entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e por isso rendo aqui a minha homenagem a todos que contribuíram para que este relacionamento se tornasse realidade. Quero fazer um apelo aos senhores deputados, aos senhores desembargadores e juízes, aos senhores conselheiros do Tribunal de Contas, aos representantes do Ministério Público para que, continuemos firmes nessa direção, colocando Mato Grosso no centro de nossas atenções.
Mato Grosso é responsabilidade de todos nós. E ainda há muitos desafios pela frente. A integração regional é um deles. Temos um Estado grande, com três ecossistemas distintos, com diversidades étnicas e culturais. Essa pluralidade com certeza se constituirá num importante fator para alavancar o nosso desenvolvimento, mas por outro lado requer ações difíceis de implementar, dadas as peculiaridades de cada região.
Estão aí a nos desafiar e a clamar por soluções a região do Baixo Araguaia, com seu imenso vazio demográfico pleno de belezas naturais, que precisa definir e realizar sua vocação econômica. Na região Amazônica, onde o progresso já está chegando, nosso desafio é compatibilizar a ocupação daqueles espaços com a indispensável preservação do meio ambiente… O cerrado, com sua grande aptidão para a agricultura moderna, está também a exigir a compatibilização das modernas tecnologias com o mínimo de agressão ambiental. No Pantanal, cartão de visitas do nosso turismo, o desafio é encontrar alternativas que protejam seu delicado ecossistema sem afetar a sobrevivência e sem alterar o modo de vida do homem pantaneiro, vulto da nossa História e ícone principal da nossa cultura. Enfim, temos que definir nosso modelo de desenvolvimento sustentável e sustentado.
Senhoras e senhores, os desafios são gigantescos, do tamanho de Mato Grosso. E só unidos é que vamos conseguir vencê-los.
Outra parceria importante – e nesta eu vou me empenhar pessoalmente em consolidar – é com os municípios. Tenho a consciência de que a descentralização entre os níveis de poder e a comunidade é o caminho mais adequado para dar às políticas públicas a eficiência e a eficácia que a sociedade exige. Eu conheço bem o interior, já fui prefeito de Rondonópolis e sei que sem descentralização os serviços públicos não chegarão até onde a população necessita que eles cheguem. Quem paga seus impostos quer serviços de qualidade e não está preocupado com quem presta esse serviço, se ele é federal, estadual ou municipal; se o serviço está sendo feito por funcionário público ou privado. Portanto, pretendo ampliar a cooperação com os municípios. Vamos descentralizar cada vez mais, dando continuidade a uma prática já adotada neste governo. Mas este é um processo que tem de ser feito com responsabilidade e parceria efetiva, entre aqueles que acreditam na força do municipalismo.
Por tudo que se realizou nesse período, e pela forma com que tudo se deu, acredito que Mato Grosso tenha adquirido uma nova mentalidade, um novo conceito, que une governo e cidadão. A nossa vocação é de ser grandes e nossa posição estratégica no coração da América do Sul faz dessa vocação o nosso destino. E é com satisfação que vejo que estamos ficando cada vez mais à altura desse grande destino. Fomos abençoados com uma natureza exuberante, com um solo fértil e com um clima propício para nossa aptidão econômica. Sobretudo, temos um povo generoso e trabalhador. Mato Grosso só precisa manter o rumo e a direção.
As realizações desse período são o prêmio que todos os mato-grossenses, natos ou não, já mereciam por todo esse investimento de trabalho, de recursos financeiros, de fé e esperança depositado em nossa terra. O desejo, a vontade que une toda essa gente, a gente mato-grossense, é o de construir, num mundo tão conturbado como o que vivemos hoje, o melhor dos lugares para se viver. E é por isso que precisamos de líderes políticos e de governantes cada vez mais comprometidos com o sonho de sua gente, cada vez mais sintonizados com o destino do seu povo.
Tenho certeza que o governo de Dante de Oliveira teve esse significado, e o nosso governo vai continuar com esse mesmo propósito.
Senhoras e senhores,
Quero falar agora desse grande companheiro, o governador Dante de Oliveira, que foi o principal líder de todas estas conquistas e avanços que acabo de enumerar. Tenho a incumbência constitucional não de substituí-lo, porque substituir pressupõe que quem substitui tem as mesmas qualidades do substituído, e eu as não tenho. Minha missão é a de dar continuidade ao trabalho deste homem de visão, deste estadista moderno, que durante seus dois mandatos soube identificar com clareza os problemas que atravancavam o nosso desenvolvimento e enfrentá-los com coragem e determinação.
O governador Dante sai agora para uma nova missão, para uma nova etapa em sua brilhante vida pública. A mim, cabe a responsabilidade de concluir o mandato para o qual fomos eleitos. Quando entregar, no dia primeiro de janeiro de 2003, o governo ao meu sucessor, tenho certeza, que o farei a um homem que comunga conosco dos mesmos ideais, do mesmo sonho de fazer de Mato Grosso um lugar melhor de se viver, com paz e prosperidade para todos.
Quero dizer ao meu pai e minha mãe, que lá na década de 60 optaram por Mato Grosso como o lugar ideal para terminar de criar sua família, que tudo farei para ser motivo de orgulho e estar à altura de seu exemplo de trabalho e dignidade. Aos meus irmãos e irmãs agradecer o apoio e a compreensão. A Marília, minha companheira, pela paciência e a doação de partilhar comigo todas minhas angústias e sonhos.
Gostaria ainda de dizer, para encerrar minhas palavras, que assumir o cargo de governador de Mato Grosso me honra muitíssimo, mas não me envaidecem os louros dessa função nem me assustam os encargos dessa empreitada. Vivemos um momento que exige ética, austeridade e muito trabalho. Quero pedir à sociedade mato-grossense, aqui representada pelas suas mais ilustres e expressivas lideranças, que não me faltem com seu apoio, e eu, junto com a equipe de governo, tudo farei para cumprir com êxito a missão que nos está sendo confiada a partir desse momento.
Muito obrigado.