Investigação em CPI aponta “forte” indício de crime ambiental em Barcarena (PA)

Notícias - 17/07/2018
Foto: Igor Brandão/ Agência Pará

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o vazamento de rejeitos de mineração no município de Barcarena (PA) aponta “fortes indícios” de prática de crime ambiental no estado. O colegiado da Assembleia Legislativa do Pará atua desde maio. Tem como relator o deputado estadual Celso Sabino (PSDB) e já ouviu técnicos, cientistas e moradores sobre a contaminação de rios na região. Em Brasília, a Câmara dos Deputados criou uma CPI semelhante no início do mês.

A 15 quilômetros de Belém, Barcarena tem cerca de 120 mil habitantes. É um importante polo industrial onde é feita a industrialização, beneficiamento e exportação de matérias como caulim, alumina e alumínio. As descobertas de irregularidades começaram em 17 de fevereiro, quando fotos registraram vazamentos de rejeitos da bacia de depósitos da mineradora. Vistorias foram iniciadas e, apesar de negativa de envolvimento pela Hydro Alunorte, um relatório do Instituto Evandro Chagas identificou uma ligação clandestina da mineradora norueguesa para eliminar materiais contaminados. Diversos metais pesados, inclusive chumbo, teriam sido identificados, em comunidades ribeirinhas.

Esta semana, um relatório da Casa Civil da Presidência da República isenta a Hydro de responsabilidade de contaminação ambiental e aponta vazamentos de um aterro sanitário como responsável pela degradação de água em Barcarena. “A precariedade dos serviços disponíveis à comunidade —agravada pelo fato de se localizar em área não regularizada— potencializa o incidente. Assim, o comitê federal deve analisar a contaminação ambiental em Barcarena sem perder de vista o contexto no qual a região se insere”, aponta o relatório.

O deputado Celso Sabino contesta o relatório federal. À frente de diligências que apuram a contaminação nos rios da região, o tucano afirma que são fortes os indícios de contaminação de mananciais, de bacias hidrográficas e negligência no cuidado com os efluentes exatamente em áreas muito próximas da mineradora. “Nos causa estranheza esse relatório da Casa Civil diante de tudo que já apuramos, dos fortes indícios de crime ambiental que identificamos. Ele vai de encontro com o que vimos e ouvimos por aqui.”

A expectativa de Sabino é de que seu relatório seja concluído até agosto.

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17/07/2018