Isolamento do PT nas eleições municipais reflete “esgotamento do projeto petista no Brasil”, avalia tucano
Partido não apoiará nenhum candidato em 12 das 18 capitais onde haverá disputa no segundo das eleições municipais
Brasília (DF) – Protagonista dos maiores escândalos de corrupção já revelados na história brasileira, o mensalão e o petrolão, o Partido dos Trabalhadores segue cada vez mais isolado no cenário político nacional. Desgastado pelas denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o partido não apoiará nenhum candidato em 12 das 18 capitais onde haverá disputa no segundo das eleições.
As informações são de reportagem desta quinta-feira (13) do jornal Folha de S. Paulo. Nas eleições municipais de 2012, quando o PT tinha melhores índices de popularidade, o partido apoiou candidatos de partidos como PP, PTB e PDT, que integravam a base aliada de Dilma Rousseff. Já neste ano, a legenda anunciou apoio apenas ao PSOL em Belém e no Rio de Janeiro. A orientação do diretório nacional é que o apoio seja dado apenas a partidos cuja maioria dos deputados votou contra o impeachment de Dilma.
Para o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), secretário-geral do PSDB, a perda de força política do PT já vem se delineando desde 2012, e reflete um esgotamento da população brasileira com um projeto petista de poder que não leva em conta as necessidades do cidadão.
“Desde 2012, o PT vem perdendo espaços importantes. Ganharam em São Paulo [com a eleição de Fernando Haddad], mas já demonstraram uma fragilidade, uma vulnerabilidade que se acentuou com todo o processo que veio a seguir: as manifestações de 2013, a Operação Lava Jato, a crise na economia. As urnas estão refletindo o esgotamento do projeto petista no Brasil”, ponderou.
O tucano avaliou que os resultados ruins e a falta de aliados em âmbito municipal são um prenúncio do que deverá ocorrer nas eleições de 2018.
“É a antevéspera de uma derrota maior que vai vir em 2018. E aí vão perder provavelmente metade dos membros da Câmara, governadores com certeza, e a própria Presidência da República é meio inatingível, tanto é que cogitam até fazer uma frente e lançar um candidato de um outro partido do campo deles”, considerou.
Além da dificuldade em formar alianças, o PT vai disputar o segundo turno das eleições com candidato próprio em apenas uma capital, Recife. Ainda assim, a situação não é favorável. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta, o candidato petista, o ex-prefeito João Paulo Lima, aparece em segundo lugar com 34% das intenções de voto, contra 47% do seu adversário, o atual prefeito Geraldo Júlio (PSB).
Silvio Torres destacou que a perda de credibilidade do PT tem feito com que aliados e os próprios candidatos do partido procurem se distanciar da sigla, o que terá implicações nas disputas eleitorais dos próximos anos.
“A situação de avaliação negativa que o partido tem, todo esse processo de desgaste, acaba contaminando os aliados mais próximos, no caso do PCdoB, o próprio PDT, eventualmente o PSOL, então as pessoas querem os outros partidos, buscar uma identificação própria porque sabem que, em 2018, por conta disso, o PT vai ter uma queda ainda maior. Eles querem já procurar uma cara própria, se distanciarem. Inclusive alguns querem ocupar os espaços que o PT perdeu no campo da esquerda. É bem natural esse processo, que tem a sua lógica e vai continuar tendo consequências”, completou o parlamentar.
Leia AQUI a íntegra da matéria do jornal Folha de S. Paulo.