Luislinda Valois é empossada oficialmente como secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

Em seu discurso, a tucana destacou a necessidade de uma reflexão dos governantes em relação à situação dos grupos mais vulneráveis, sobretudo dos negros

Imprensa - 06/07/2016

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A desembargadora aposentada Luislinda Dias de Valois Santos (PSDB), primeira juíza negra da história do Brasil, foi empossada oficialmente na tarde desta quarta-feira (6) como secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. A cerimônia foi comandada pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e contou com a presença de vários tucanos como o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves; o líder da bancada na Câmara, Antonio Imbassahy (BA); a deputada federal Mara Gabrilli (SP); o presidente do Tucanafro, Juvenal Araújo; e a presidente do PSDB-Mulher, Solange Jurema.

Em seu discurso, a secretária da Igualdade Racial adiantou qual será sua prioridade no cargo: promover a reflexão dos governantes do país em relação à situação dos grupos mais vulneráveis, sobretudo dos negros.

“É nosso dever defender os direitos daqueles que vivem em condições mais vulneráveis: as mulheres, os índios, os jovens, os quilombolas, as pessoas com deficiência, que merecem o nosso carinho, o nosso respeito o tempo todo. Este povo é excluído a todos os instantes e em todos os espaços. Não podemos conviver com este tipo de comportamento e de atitude. E em especial o povo preto, pobre, da periferia. Apesar dos avanços em relação aos direitos da população afrodescendente, os negros continuam sendo vítimas de um modelo social excludente”, ressaltou Luislinda.

A tucana também destacou que os altos índices de mortes entre negros revela que o racismo ainda é uma realidade no país, que precisa ser encarado de frente. Por isso mesmo, defendeu a implementação urgente de políticas públicas voltadas para a inclusão dos negros em todos os espaços.

“Decorridos mais de 120 anos da ‘pseudo-abolição’ da escravatura, ainda nos encontramos sem perspectivas de que o Estado brasileiro se delibere a implementar ações que realmente nos incluam na vida social como verdadeiros cidadãos de direitos e obrigações que somos”, afirmou.

Luislinda acreditou ainda:“O genocídio dos jovens negros é uma realidade. A cada 23 minutos ceifam-se as vidas de um negro brasileiro jovem. Indago: será que querem fazer a tradicional limpeza, acabando com a raça negra no Brasil? Esta é uma grande reflexão. Precisamos que nossas autoridades reconheçam publicamente a existência do racismo institucional no Brasil e lutem com a força da legalidade para combatê-lo. A punição dos infratores se impõe. Urge esta providência”.

Combate à discriminação

O ministro Alexandre de Moraes destacou o papel  do Ministério da Justiça na garantia dos direitos fundamentais para todos os setores da sociedade. Na visão do tucano, o fim de todo o tipo de discriminação deve ser a principal meta a ser alcançada pelas secretarias da pasta.

“Há uma atribuição em comum no Ministério da Justiça, que é fazer justiça, promover a inclusão, a solidariedade, a eficácia dos direitos fundamentais previstos na constituição, seja na segurança, no tratamento daqueles que precisam em relação a drogas e outros entorpecentes, a inclusão das pessoas com deficiência, na questão racial – no afastamento dessa chaga, não só brasileira, essa chaga mundial que é a discriminação racial -, a discriminação de alguém devido a uma deficiência, a discriminação do diferente, a não aceitação da diversidade. Isso é o fio condutor, essa é a missão principal de todas as secretarias, de todos os departamentos dentro do Ministério da Justiça”, salientou o ministro.

Perfil de Luislinda

Natural de Salvador, na Bahia, Luislinda Dias de Valois Santos se tornou, em 1984, a primeira mulher negra do Brasil a alcançar o cargo de juíza. Atualmente, é desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça da Bahia. Está filiada ao PSDB desde 2013, e disputou pelo partido as eleições de 2014, candidatando-se ao cargo de deputada federal. É militante pelos direitos dos homossexuais, das religiões de matriz afro e das vítimas do tráfico de pessoas. Membro da Executiva Nacional do partido e autora dos livros “O negro no século 21” e “Negros pensadores do Brasil”, Luislinda ainda recebeu o título de embaixadora da paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012.

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06/07/2016