‘Lula não tem respeito pelas normas legais’, diz tucano após petista defender antecipação das eleições
Réu em cinco ações penais, o petista afirmou que o seu partido “não deve ter vergonha” de dizer que quer novas eleições
Brasília (DF) – Ao participar de encontro estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta quarta-feira (11), em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a antecipação das eleições de 2018 para outubro deste ano e se apresentou como um possível candidato. Réu em cinco ações penais, nas operações Lava Jato e Zelotes, o petista afirmou que o seu partido “não deve ter vergonha” de dizer que quer novas eleições. As informações são de reportagem publicada nesta quinta-feira (12) pelo jornal Folha de S. Paulo.
O evento com o MST é parte de uma estratégia petista de tentar reaproximar a legenda dos movimentos sociais. Alguns dirigentes do partido, inclusive, defendiam que Lula oficializasse sua pré-candidatura à Presidência da República durante o ato, o que não ocorreu. Em discurso, Lula destacou que “se necessário”, voltaria a disputar o cargo, mas que sua prioridade era andar pelo país para recuperar, em primeiro lugar, a imagem de seu partido, e em segundo lugar, sua própria imagem.
O deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG) avaliou que a insistência de Lula em querer se apresentar como candidato, mesmo sendo réu em cinco ações penais, e a tentativa de articular novas eleições presidenciais, mostram que o petista não tem o menor respeito pela população brasileira e pelas normas legais.
“O mais grave e triste dessa declaração do ex-presidente Lula é que ele, além de ser de fato um indivíduo que deve respostas à Justiça, se mostra como um verdadeiro cara de pau, um irresponsável. Ele sim se mostra um golpista, porque não dá para alguém que foi presidente da República por oito anos dizer que não conhece a Constituição brasileira. O ex-presidente Lula está cansado de saber que falar em eleições antes de 2018 é golpe. Não há como mudar a Constituição brasileira em uma cláusula pétrea como essa”, constatou o tucano.
“A Constituição brasileira já prevê as alternativas para uma vacância, se ela porventura existir, de um presidente. Não havendo a possibilidade de ter um vice, como é o caso, é o que ninguém em sã consciência deseja hoje, que seria a eleição indireta pelo Congresso. É isso que a Constituição prevê. Não tem outra alternativa. Não existe nenhuma possibilidade constitucional de eleição direta em 2017. Portanto, a atitude do ex-presidente Lula, além de confirmar a figura irresponsável, cara de pau que ele é, mostra que ele é também, ele sim, um verdadeiro golpista que não tem o menor respeito pelas normas legais, e não merece consideração”, apontou.
‘Caso de polícia’
O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido ainda não tomou uma decisão sobre quem será o candidato, mas acrescentou que “é uma aspiração nacional” que Lula retome a campanha por eleições diretas à Presidência da República. Já o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, disse que não havia necessidade de Lula lançar sua candidatura porque ele já é “o candidato permanente não só do MST, mas de todo o povo brasileiro”.
Para Domingos Sávio, a escolha de Lula como pré-candidato à Presidência não passa de uma estratégia de marketing, com o objetivo de tirar o foco das acusações a que o ex-presidente petista responde na Justiça.
“É apenas a estratégia marqueteira de alguém que está desesperado, tentando transformar o caso dele, que é um caso de polícia, em um caso político, tentando se colocar como pré-candidato em um momento em que não existem eleições à vista, não existe candidatura. Ele tenta se colocar como pré-candidato para passar a ideia de que aquilo que pesa contra ele é de natureza política, e não é. O que pesa contra o Lula é de natureza criminosa. É caso de polícia, caso de cadeia”, completou o parlamentar.
Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal Folha de S. Paulo.