Militância petista marca protesto para mesmo dia de grupos pró-impeachment
A militância petista articula para o próximo dia 31 a realização de uma manifestação, em São Paulo, em defesa da permanência da presidente afastada Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Mesmo sabendo que a data, um domingo, já estava previamente agendada por movimentos favoráveis à saída definitiva de Dilma, os aliados do PT insistem em realizar a passeata em local muito próximo ao escolhido pelos adversários políticos.
A passeata da Frente Povo Sem Medo, composta por MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Intersindical (próxima ao PSOL) e setores da CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai se concentrar no largo da Batata, em Pinheiros, às 14h. Já os ativistas do MBL (Movimento Brasil Livre), do Vem Pra Rua e de outros grupos pró-impeachment estarão na avenida Paulista. Ambas acontecerão às 14h.
Segundo matéria publicada hoje (14) pelo jornal Folha de S. Paulo, a militância petista já anunciou que pretende caminhar até o centro pela avenida Rebouças e pela rua da Consolação, que passa ao lado da Paulista.
O deputado federal Paulo Martins (PSDB-PR) considerou a “coincidência” uma afronta e afirmou que o anúncio faz parte de uma estratégia petista para boicotar a manifestação anteriormente marcada pelo movimento a favor do afastamento definitivo de Dilma.
“Eles [a esquerda] querem provocar medo nas pessoas que estão dispostas a irem às ruas no dia 31. É claro que quando as pessoas veem que os dois lados vão se manifestar no mesmo dia e no mesmo horário, a primeira coisa que vem à cabeça é a possibilidade de um confronto. É com esse medo que eles jogam. Eles querem causar terror psicológico nas pessoas para esvaziar a manifestação pró-impeachment e dar a impressão de que a Dilma tem algum apoio popular”, disse.
Martins considera o impeachment uma realidade consumada e disse que o fato da esquerda estar reivindicando novas eleições revela o “real caráter golpista” dos movimentos de esquerda. “Todas as soluções para a crise, o impeachment e o processo sucessório, tudo está previsto na Constituição. Na Carta Magna não estão previstas novas eleições [como articula o PT]. E quando alguém coloca como solução algo que não está previsto na Constituição, isso sim é golpe”, concluiu.
A data prevista para o julgamento do impeachment no Senado é 25 de agosto. De acordo com o jornal, Dilma fará pessoalmente sua defesa e responderá perguntas dos senadores no plenário da Casa.