MPF aponta Paulo Bernardo como ‘chefe’ de organização criminosa

Os ex-tesoureiros do PT Paulo Ferreira e João Vaccari também fazem parte da lista dos acusados

Imprensa - 02/08/2016

Brasília - O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, preso preventivamente durante a Operação Custo Brasil, é transferido pela Polícia Federal para São Paulo (José Cruz/Agência Brasil)

O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo foi apontado pelo Ministério Público Federal como “chefe” da organização criminosa acusada de pagamento de propina para o PT entre 2009 e 2015, e suspeita de desviar aproximadamente R$100 milhões do ministério. Além de Bernardo, o MPF denunciou outras 19 pessoas pelos crimes de corrupção, organização criminosa e outros. O caso é investigado pela Operação Custo Brasil, um desmembramento da Lava Jato deflagrado em junho deste ano.

Os procuradores afirmaram na denúncia que o petista era tratado como “patrono” pelos demais integrantes do esquema. Os ex-tesoureiros do PT Paulo Ferreira e João Vaccari também fazem parte da lista dos acusados.

Para o deputado federal Elizeu Dionízio (PSDB-MS), não é surpresa Bernardo ter sido identificado como líder da “quadrilha”. “Ele sempre foi o operador dos esquemas ilícitos do PT desde quando era deputado, há muito tempo atrás. Essa informação não traz nenhuma novidade para o circuito, só mesmo a confirmação da atuação dele”, afirmou.

O ex-ministro petista chegou a ficar preso por seis dias por suspeita de ter recebido R$ 7,1 milhões em propina da Consist, que em 2010 passou a atuar na administração de empréstimos consignados na folha de pagamentos de servidores federais e a destinar parte de seu faturamento para o PT. Segundo os procuradores, Bernardo participava diretamente das transações e continuou recebendo a propina mesmo depois de ser nomeado ministro das Comunicações no governo Dilma.

“O PT institucionalizou o ‘por fora’, a ‘ajuda mensal’, o ‘mensalinho’, o ‘mensalão’. Como eles [PT] não têm poder de gestão, tentam corromper as pessoas para tentar alcançar o objetivo deles sempre levando vantagem em cima dos outros”, disse o deputado tucano sobre o esquema ilegal envolvendo Bernardo.

A Consist recebia dinheiro dos bancos para passar informações sobre a margem de crédito de cerca de dois milhões de servidores do Executivo. O MPF apurou que parte da verba recebida pela Consist foi transferida para o advogado Guilherme Gonçalves, de Curitiba, que teria usado o repasse ilegal para custear despesas pessoais de Paulo Bernardo e sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Dionízio destacou o provável envolvimento de Gleisi no esquema, porém, defendeu o direito da senadora de ser investigada conforme prerrogativa de foro. “Eu não consigo desassociá-la dele. Agora, eu defendo o foro. O MPF não pode querer fazer bagunça e sair quebrando o for privilegiado das pessoas”, concluiu.

 

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02/08/2016