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“Mulheres Tucanas, eia sus, oh sus!”, artigo de Sandra Quezado

Artigo da assessora técnica da Liderança do PSDB e membro da Coordenação Jurídica do Secretariado Mulher Nacional do PSDB

Notícias - 06/07/2012

Artigo de Sandra Quezado*

Sandra Quezado

Relembramos este ano os oitenta anos da Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo nos meses de julho e outubro de 1932, e que tinha por objetivo a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.

Até 1930, a organização social brasileira girava basicamente em torno da agricultura e pecuária, e o cenário político nacional era marcado pela alternância entre paulistas e mineiros na presidência da República, configurando a chamada “República do Café com Leite”.

Getúlio Vargas chegou ao poder com a Revolução de 1930 e estabeleceu um poder federal centralizado, voltado para a implantação de mudanças no campo social, político e econômico do Brasil. Para garantir essa centralização do poder em suas mãos, Vargas nomeou um interventor federal em cada estado brasileiro.

Getúlio Vargas entregou o controle estadual paulista ao coronel pernambucano João Alberto. A indicação de um não paulista para governar São Paulo feriu o orgulho dos paulistas e desencadeou os desentendimentos entre Getúlio e os paulistas. São Paulo exigiu o retorno da Constituição de 1891, buscando uma volta legal às suas condições política e econômica independentes e anteriores a Getúlio. Daí se deu a explosão da chamada Revolução Constitucionalista de 1932.

Uma das características mais marcantes da Revolução Constitucionalista de 1932 foi a participação das mulheres. Naquela época, as mulheres ocupavam um papel secundário no cenário da participação política brasileira. Porém, as paulistas se envolveram diretamente na causa de seu estado.

Algumas bravas mulheres combateram na linha de fogo do fronte. Outras, viajavam pelo interior levando mensagens entre o campo de batalha e o Quartel General da capital paulista. Mas entre todas as bravas e nobres atividades das mulheres durante a Revolução Constitucionalista de 1932, sem dúvida foi na retaguarda que o apoio feminino se configurou mais importante. As principais atividades das mulheres paulistas foram realizadas em hospitais, nas oficinas e nas “Casas de Soldado”.

Só no primeiro mês da revolução, 7.200 mulheres confeccionaram 440 mil peças de farda destinadas aos soldados. Refeições eram servidas pelas mulheres aos combatentes nas “Casas de Soldado” localizadas em todo o estado.

Não obstante o esforço, Getúlio Vargas venceu a Revolução, mas convocou eleições para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. Nas eleições, realizadas em maio de 1933, foi posta em prática a Lei Eleitoral, que tinha como principais características o voto secreto, a criação da Justiça Eleitoral, o direito das mulheres votarem e serem votadas, além da participação na Assembleia Constituinte de representantes de sindicatos de trabalhadores, patrões, profissionais liberais e funcionários públicos.

Entre os 254 parlamentares eleitos, estava a primeira mulher a ocupar uma cadeira do Parlamento em toda a História do Brasil, a paulista Carolina Pereira de Queiroz. A Constituinte de 1933 mudou significativamente os moldes políticos do Brasil.

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um dos maiores conflitos armados entre brasileiros, sendo o maior combate ocorrido em nosso território em todo o século 20. O dia 9 de julho, que marca a data inicial da revolução, é feriado estadual em São Paulo.

Estes e outros fatos podem ser conferidos numa belíssima exposição que está acontecendo na Câmara dos Deputados com registros e documentos da época para relembrar o movimento histórico. A exposição reconhece a efetiva colaboração das mulheres no movimento apesar dos poucos registros. Mas não há necessidade de muitos registros para saber que as mulheres participaram da guerra de alguma forma, seja para ajudarem a salvar pais, maridos, filhos ou amigos, seja porque se envolveram na causa em prol de um mundo melhor para se viver.

O fato é que ao longo da história do Brasil as mulheres jamais permaneceram passivas ou omissas diante de alguma luta social de seu tempo. Mulheres se organizaram em defesa dos escravos integrando o movimento abolicionista, denunciaram as péssimas condições de trabalho; lutaram pelo direito de votar; contra o comunismo; por igualdade de direitos; pela democracia; em favor da anistia, entre outras inúmeras causas.

Pensando na Revolução Constitucionalista de 1932, na Constituição, na luta das mulheres, chega-se a uma conclusão clara de que a sina das mulheres é mesmo a luta constante.

Neste ano de 2012, teremos eleições municipais. Eleições livres também é uma conquista com a marca da participação das mulheres. Sem dúvida, muitas foram as conquistas sociais do nosso tempo que contaram com a participação das mulheres tucanas. Por isso, a luta agora é a eleição de prefeitos(as) e vereadores(as) para a social democracia. Organizemo-nos e sigamos avante!

Nesses dias um vídeo na internet chamou a atenção de todos. Uma Senhora de mais de noventa anos, que serviu na Cruz Vermelha durante a Revolução Constitucionalista de 1932, chamava a atenção para o fato – que ninguém conhecia – de que no passado, a introdução do Hino Nacional Brasileiro tinha uma letra!!! A internet também informa que essa parte foi excluída quando aprovada a versão oficial do Hino Nacional.

O vídeo emociona. Uma mulher com mais de noventa anos aparece no vídeo com medalhas no peito e resolve falar de civismo deixando para todas nós a mensagem que não podemos esquecer. No final da “letra oculta” do Hino, consta a expressão “Eia sus, oh sus!”. Trata-se de uma interjeição latina que exorta à coragem, aos brios, e pode ser traduzida como sinônimo da expressão “em frente, avante”.

MULHERES TUCANAS, EIA SUS, OH SUS!

Sandra Quezado é assessora técnica da Liderança do PSDB e membro da Coordenação Jurídica do Secretariado Mulher Nacional do PSDB.

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06/07/2012