“Não me deixem só”, por Ademar Traiano
Abraham Lincoln notou que: Apesar de ser possível enganar a todos por algum tempo e enganar alguns o tempo todo, mas não é possível enganar a todos o tempo todo.
O ex-presidente Lula começa a sentir na pele o peso dessa máxima. O cacique maior do PT resolveu fazer uma peregrinação eleitoral pelo Nordeste, seu maior reduto eleitoral, com objetivo de demonstrar força, intimidar o Judiciário e lançar sua candidatura a presidente.
A caravana de Lula repetiu o erro fatal de Fernando Collor em 13 de agosto de 1992. Engolfado por denúncias de corrupção, o ex-presidente foi a televisão. Implorou: “Não me deixem só”. E, acreditando, equivocadamente, que ainda possuía apoio substancial convocou o povo para que saísse as ruas vestido de verde e amarelo. Milhares saíram as ruas vestidos de negro com o rosto pintado. Foi o início do movimento de rua que levou ao impeachment.
Lula esperava que o povo do Nordeste saísse em massa as ruas vestido de vermelho para saudá-lo e pedir seu retorno. Além dos companheiros patrocinados de sempre, o comparecimento aos eventos da caravana tem sido assustadoramente baixo. A busca do apoio perdido, apesar dos esforços marqueteiros, que disfarçam com filmagens com foco fechado o vazio de público, é um fiasco.
Pior, Lula foi expulso de um restaurante em Natal. Foi flagrado descontrolado, em vídeo, insultando um assessor a quem responsabilizou pela ausência de povo em um comício. Em outra demonstração de descontrole, bancou o legista amador e acusou, em entrevista a uma rádio nordestina, a Lava Jato de ser a causa da morte de sua mulher, dona Marisa Letícia. Uma leviandade sinistra.
Na verdade, Lula não consegue explicar as gravíssimas acusações de corrupção que pesam contra ele. Em uma delas, a do tríplex do Guarujá, já foi condenado a 9 anos e meio por corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Tem de enfrentar mais 5 ações em que é réu, todas com grandes chances de condenação. Sem ter como se explicar, optou por atacar raivosamente a Lava Jato, voltando ao perfil de candidato do ódio que o levou a perder três eleições presidenciais (1989 e 1994, 1998).
O próprio PT já coloca abertamente em dúvida a candidatura de Lula em 2018. A expectativa geral é a de que nem possa ser candidato por estar condenado em segunda instância pelo tríplex. Se não estiver impedido, a possibilidade que sofra uma derrota humilhante, devido à enorme rejeição, também assombra o PT.
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, deve ser o candidato petista, com a missão de pilotar uma derrota que não varra o partido do mapa. A ambição da candidatura Haddad é tão somente evitar a extinção do PT.
O retumbante fracasso da investida de Lula em seu último reduto, o Nordeste, leva o PT a reavaliar de forma realista e trágica suas chances de futuro.
*Ademar Traiano é presidente da Assembleia Legislativa e presidente do PSDB do Paraná