No segundo dia de julgamento do impeachment, testemunhas de Dilma defendem “pedaladas fiscais”
No segundo dia de sessão destinada ao julgamento de Dilma Rousseff no processo de impeachment, o plenário do Senado Federal acompanha nesta sexta-feira (26) os depoimentos das testemunhas de defesa da petista. Os primeiros a fazer suas manifestações, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o professor de Direito Geraldo Prado, tentaram justificar e defender as ações da presidente afastada, caracterizadas como crimes de responsabilidade fiscal.
Belluzzo minimizou os atrasos de pagamentos da União para bancos públicos – conhecidos como pedaladas fiscais – ao afirmar que os valores foram pagos pelo governo. Ele disse que analisa a questão do ponto de vista dos efeitos econômicos, e não políticos. Já o professor Geraldo Prado considera que não é razoável que Dilma perca o mandato por crimes de responsabilidade quando as “regras mudaram no meio do jogo”, referindo-se à decisão do Tribunal de Contas da União de condenar as práticas fiscais da petista.
Para o senador Dalírio Beber (PSDB-SC), os argumentos já não devem tirar dos senadores o convencimento de que as ilegalidades durante o governo Dilma ocorreram.
“Eu acho que toda parte de convencimento em torno da existência ou não dos crimes de responsabilidade já aconteceu. É um assunto que está sendo debatido há mais de oito meses em nível de Congresso Nacional. Portanto, eu quero crer que nenhum senador tenha hoje a necessidade de aprofundar isso com fatos novos ou esclarecimentos. Até porque nada pode acontecer de diferente.”
Depois de ouvidas as testemunhas – o que deve ocorrer somente neste sábado – os senadores devem receber Dilma Rousseff no plenário, na próxima segunda-feira (29). Senadores do PT esperam também que o ex-presidente Lula participe da sessão durante a fala de Dilma. A expectativa da base governista, no entanto, é de que a presença da petista não mude o placar parcial de votação, majoritariamente a favor da cassação da presidente.
“Comenta-se que a ideia da vinda da presidente Dilma e até do próprio ex-presidente Lula seria para criar constrangimento a alguns senadores que fizeram parte da sua equipe de governo. Não acredito que imbuídos da responsabilidade de representar o Brasil em um momento de tal gravidade como hoje, nenhum destes que eventualmente compôs a equipe de governo da presidente Dilma se deixe influenciar em função da presença [deles].”
Senadores da base governista, entre eles os do PSDB, decidiram abrir mãos de fazer perguntas às testemunhas de defesa de Dilma, justificando a ação como “economia processual” com o objetivo de acelerar o julgamento.