Nova fase da Lava Jato, “Caça-Fantasmas” busca dinheiro desviado da Petrobras para banco do Panamá
Brasília (DF) – A corrupção e o desvio de recursos da Petrobras descobertos pela Lava Jato ultrapassaram a barreira internacional. Em um desdobramento das investigações, a Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (07), a Operação Caça-Fantasmas, cujo alvo principal é Edson Paulo Fanton, representante do FP Bank, instituição do Panamá, no Brasil. De acordo com a PF, o banco panamenho atuaria no Brasil movimentando contas em território nacional e viabilizando o fluxo de dinheiro de origem duvidosa para o exterior.
Segundo reportagem publicada nesta quinta pelo jornal O Estado de S. Paulo, a instituição não tinha autorização do Banco Central para atuar no Brasil, e funcionava à margem do sistema financeiro nacional.
Em nota, a PF afirmou que os serviços prestados pelo FP Bank, que incluíam a comercialização de empresas offshore, e pelo escritório Mossack Fonseca, alvo da 22ª fase da Lava Jato, foram utilizados, “dentre diversos outros clientes do mercado financeiro de dinheiro ‘sujo’, por pessoas e empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato, sendo possível concluir que recursos retirados ilicitamente da Petrobrás possam ter transitado pela instituição financeira investigada”.
Para o deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ), a operação da PF abre precedente para que sejam investigadas e identificadas as conexões criminosas no país que têm se estendido a outros países, em especial o Panamá.
“Essa nova etapa da Lava Jato é muito bem-vinda e abre um caminho extremamente amplo para a identificação de mais conexões criminosas no Brasil que se utilizaram dessas estruturas contábeis no Panamá. Trata-se de uma oportunidade muito fértil para identificar uma série de movimentações fraudulentas que se originam em desvios de recursos públicos, seja da Petrobras, seja de outros atores políticos no Brasil”, avaliou.
O parlamentar destacou que o Panamá tem sido destino recorrente de dinheiro ilícito desviado do Brasil. “Todo mundo sabe que o Panamá tem sido utilizado por organizações mafiosas e corruptos em geral, do mundo todo, para lavagem de dinheiro e estruturação contábil de valores provenientes de fraudes, de desvios, de dinheiro público, de caixa dois, dos mais variados”, apontou.
“O ideal é que o Ministério Público brasileiro interponha medidas no Panamá para abrir a caixa preta, tal qual se fez em relação ao HSBC. Porque certamente vai encontrar muitas contas cujos valores têm origem questionável ou ilegal”, completou o tucano.
As equipes da Operação Caça-Fantasmas estão cumprindo 17 ordens judiciais, sendo sete conduções coercitivas e dez mandados de busca e apreensão, nas cidades de Santos, São Bernardo do Campo e São Paulo. A PF apura as práticas de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de ativos e organização criminosa transnacional.
Leia AQUI a íntegra da matéria publicada pelo Estadão.