Nova fase da Operação Zelotes evidencia bom funcionamento das instituições, avalia tucano
Brasília (DF) – A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (01/12), 21 mandados de busca e apreensão e 13 de condução coercitiva na 8ª fase da Operação Zelotes, em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. A força-tarefa investiga organizações criminosas que atuavam na manipulação de processos e resultados de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Entre os alvos desta etapa estão o Bank Boston, Itaú Unibanco, escritórios de advocacia e de consultoria contábeis.
As informações são de reportagem publicada pelo portal de notícias G1.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, a nova fase da Zelotes apontou a existência de um conluio entre conselheiros do Carf e uma instituição financeira, entre os anos 2006 e 2015, para a manipulação de processos administrativos fiscais em pelo menos três ocasiões. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, advocacia administrativa tributária e lavagem de dinheiro.
Para o deputado federal Elizeu Dionízio (PSDB-MS), os novos desdobramentos nas linhas de apuração da Operação Zelotes evidenciam a autonomia e o bom funcionamento das instituições.
“O avanço das investigações é positivo porque parece que o Brasil parou em uma pauta chamada Lava Jato quando, na verdade, a Polícia Federal e os outros órgãos competentes continuam fazendo investigações paralelas com a mesma importância”, disse.
Vale lembrar que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto um de seus filhos, o empresário Luís Cláudio Lula da Silva, são investigados pela Zelotes, que também já conduziu coercitivamente o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para prestar depoimento.
Deflagrada em 2015, a operação inicialmente apurava o pagamento de propina a conselheiros do Carf para que multas aplicadas a empresas fossem reduzidas ou anuladas. A partir daí, surgiram indícios de compra e venda de Medidas Provisórias (MPs) que prorrogavam incentivos fiscais a empresas automotivas. Uma dessas empresas, a MMC, representante da Mitsubishi no Brasil, teria pago propina de R$ 57 milhões, entre 2009 e 2015, para que a MP 471, de 2009, fosse aprovada. A medida rendeu à montadora benefícios fiscais de R$ 879,5 milhões.
Agentes políticos
O deputado tucano disse não ter dúvidas de que a Operação Zelotes ainda tem muitas informações a divulgar acerca da conduta de agentes políticos e outros beneficiados nas transações envolvendo o Carf, entre eles o ex-presidente Lula e seu filho Luís Cláudio.
“Temos aí agentes que até então não tinham aparecido, cuja digital não tinha aparecido, que são operadores financeiros no Brasil que necessariamente foram os que mais lucraram na antiga gestão: os bancos privados. Hoje nós estamos entendendo o porquê que sempre que declaravam os seus lucros, por semestre ou por ano, eram exorbitantes. Porque eles tinham contrapartidas de agentes que estavam no poder ali no antigo governo”, constatou.
Ainda assim, o parlamentar salientou que nenhum dos novos fatos impressiona a sociedade, que, lamentavelmente, aprendeu a conviver com escândalos de corrupção durante os 13 anos de governo do PT.
“Nada disso é novidade. Se não fosse um cenário caótico, poderíamos até tratar isso como normalidade, porque tudo o que nós ouvimos é, de fato, normal quando se fala do governo antigo, onde a Câmara era tratada como um balcão de negócios, as medidas provisórias eram ferramentas e os agentes negociadores eram parte do governo anterior. Existia uma estrutura de negócio privado dentro do poder público para o interesse de poucos. Foi por conta disso que o PT saiu do governo e que muitos dos seus representantes estão presos: porque eles confundiram a coisa pública com interesses privados”, completou Elizeu Dionízio.
Leia AQUI a íntegra da matéria do portal G1.