Número de homicídios de pessoas negras cresce no país

A população negra está mais suscetível à violência, segundo o Atlas da Violência, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta segunda-feira. No período de 2005 a 2015, a taxa de homicídios entre os negros, por 100 mil habitantes, cresceu 18%. Na contramão, o índice de mortes entre as pessoas não-negras teve uma queda de 12%. Para o presidente do Tucanafro no município de São Paulo, Eloi Estrela, falta uma liderança do segmento no país para equilibrar a situação.
“O negro sempre foi escravo de um esquema perverso. Hoje, no Brasil, você não tem nenhuma liderança negra. Não foi construída uma liderança negra. Não é de hoje que a população vem sendo dizimada sem que alguém possa ser responsável por essa violência. Entre nós, negros, inclusive, já sabíamos disso [da pesquisa]. Porque não dá para gente ‘tapar o sol com a peneira’”, apontou.
A estimativa do Ipea é que os cidadãos negros tenham um risco 23,5% maior de sofrer assassinato em relação a outros grupos populacionais. No Brasil, a cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras. Eloi Estrela ainda aponta a falta de igualdade para essa parcela da população.
“O país não luta para mudar essa história. Não existe igualdade de oportunidades, enquanto o país for desigual com a sua população. Tudo isso vem a calhar do país racista que nós temos. A população negra todo dia está morrendo e ninguém se responsabiliza. Não existe um plano para responsabilizar, ou chegar a um denominador”, apontou.
O estado que teve a maior alta da taxa de homicídios de negros foi o Rio Grande do Norte, que registrou 331% de aumento. O segundo lugar ficou para Sergipe – com 197% e em terceiro, o Ceará com um crescimento de 149% no índice de homicídios dos negros. Já o estado que teve maior queda da taxa de homicídios de negros foi São Paulo, onde o índice caiu 50%, seguido de Rio de Janeiro e Pernambuco.