O Exemplo de Montoro
Há um ano, completado neste 16 de julho, o PSDB perdeu seu presidente de honra e um de seus fundadores, o ex-deputado, ex-senador e ex-governador de São Paulo, André Franco Montoro. A posição de presidente de honra não era uma homenagem meramente formal. Aos 83 anos, a maior parte dos quais dedicada à construção de um Brasil democrático, desenvolvido e justo, Montoro honrava o partido e recebia deste o reconhecimento de sua liderança visionária, mas ponderada.
Parlamentar, ministro e governador, Montoro defendeu sempre o parlamentarismo e a descentralização. “As pessoas vivem nas cidades, não nos estados nem nos países”, repetia ao justificar sua preocupação de fazer com que as ações governamentais alcançassem o cidadão e pudessem ser avaliadas pela população a que se destinassem. Foi um precursor, portanto, da política administrativa do governo Fernando Henrique Cardoso.
Com sua vocação de professor, ofício que exerceu sempre que lhe foi possível, Montoro tinha as características dos grandes mestres, entre as quais: a jovialidade e o desprendimento com que se empenhava na formação dos jovens, em especial de quadros partidários e de administradores públicos. Sob esse aspecto, não se limitava a formar. Ia além. Incentivava, abria espaços e oportunidades aos novos talentos, como testemunham alguns dos mais capazes tucanos da atualidade.
Coerente com as idéias que renovaram a Democracia Cristã internacional sob a inspiração do teólogo francês Jacques Maritain e do Concílio Vaticano II, Montoro considerava dever dos governantes abrir espaço à participação dos governados nas estruturas de poder. A defesa dos direitos dos trabalhadores, do sindicalismo como forma legítima de representação dos assalariados e sua luta por medidas em benefício dos trabalhadores e suas famílias foram outra constante em sua atuação política, como demonstra o salário família, criado por sua iniciativa nos anos 60.
A preocupação permanente com as desigualdades sociais não o impedia de considerar a austeridade e o equilíbrio fiscal essenciais ao bom governo. Como sempre, antecipou-se ao debate sobre o assunto, fazendo de sua passagem pelo Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) uma lição prática de responsabilidade fiscal. Saneou as finanças estaduais e, em grande medida graças à austeridade e à transparência de sua gestão, realizou uma infinidade de pequenas obras em benefício de todo o Estado.
Franco Montoro foi um defensor intransigente dos princípios democráticos sem jamais apelar a gestos demagógicos ou provocativos. Mas era firme e não cedia diante de conveniências ou riscos aceitáveis, como demonstrou ao promover a campanha das “Diretas Já” em São Paulo. Da mesma forma era um mestre em transformar a teoria e a doutrina da justiça social em propostas e ações viáveis e concretas. Foi um exemplo da síntese possível dos ideais da social-democracia brasileira e, como tal, seguirá sendo uma referência para todos os tucanos. Viva Franco Montoro.
Leia textos de Franco Montoro no site do PSDB.