O turismo do PT

Notícias - 13/09/2001

O vereador Gilberto Natalini, líder do PSDB na Câmara Municipal, requisitou ao Executivo informações sobre gastos com viagens feitas por membros do governo Marta Suplicy. Descobriu que 56 pessoas fizeram, em seis meses, 70 viagens para 17 países, que somaram 497 dias de estadia no exterior. A prefeita Marta Suplicy esteve por 18 dias na Argentina, Suíça e França. As visitas consumiram R$ 31.476,37 dos cofres municipais, o suficiente para garantir os benefícios de um mês para 230 famílias no Programa Renda Mínima.
Em viagem de cinco dias para Nova York, o secretário de Relações Internacionais, Jorge Mattoso, gastou R$ 13.546,86 com passagens.
O custo das andanças do PT pelo mundo, no entanto, está longe de ser conhecido com exatidão. Os documentos enviados pela Prefeitura à bancada do PSDB não trazem informações completas sobre gastos e origem do dinheiro. De acordo com os dados obtidos pela oposição, os secretários foram responsáveis por 22 das 70 viagens e, dessas, apenas 3 não teriam sido pagas pelos cofres municipais, mas por empresas, o que cria especulações diversas.
“A prefeita deve esclarecer quais empresas pagaram e com que interesse“, avisou Natalini, que acusa Marta Suplicy de ter criado uma empresa de turismo, a PT Tour, ao assumir o governo.
Era previsível e compreensível que, ao assumir o cargo, Marta Suplicy e o secretário municipal das Finanças, João Sayad, buscassem no exterior acordos de cooperação para a cidade financeiramente arrasada pelo governo anterior.
A prefeita até chegou a se definir como “caixeira-viajante“ em busca de recursos para São Paulo. O problema é que, ao que parece, toda a equipe de governo se sentiu na obrigação de sair pelo mundo sob a mesma justificativa.
Os resultados efetivos de tamanha garimpagem de verbas internacionais até hoje não foram revelados. Do encontro de Marta Suplicy com Lionel Jospin, por exemplo, sabe-se que, de prático, só restou o compromisso firmado pelo primeiro-ministro francês de agendar um encontro com o candidato do PT à Presidência, Luís Inácio Lula da Silva.
Muitas das viagens dos secretários tiveram por objetivo a participação em encontros internacionais. “São Paulo não pode ficar de fora dos fóruns mundiais“, justificou o secretário dos Transportes, Carlos Zarattini, que usou verbas da sua secretaria para pagar passagens a Nova York, onde participou de uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU), em abril.
É, de fato, importante que os administradores públicos se inteirem dos grandes debates mundiais. Porém, diante da penúria em que se encontra a Prefeitura, é preciso estabelecer prioridades para o uso de verbas públicas, por menores que sejam.
O secretário de Relações Internacionais, Jorge Mattoso, classificou de mesquinhas as críticas feitas pela oposição. Seriam, de fato, se os cofres estivessem cheios, a população estivesse atendida na maior parte das suas necessidades e a cidade, bem administrada. Nada disso, porém, está ocorrendo e a justificativa única é que faltam recursos.

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13/09/2001