Pagamentos em Angola a sobrinho de Lula foram feitos para “agradar” o petista
Brasília (DF) – As delações premiadas de executivos da Odebrecht à Procuradoria-Geral da República (PGR) revelaram que a contratação e os pagamentos feitos em Angola ao empresário Taiguara Rodrigues, sobrinho da primeira esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram feitos para “agradar” ao petista. Os dois são réus na Operação Janus pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Os depoimentos sigilosos, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, destacam que a filial da Odebrecht em Angola contratou a empresa Exergia, da qual Taiguara Rodrigues se tornou sócio. Segundo o ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Alexandrino Alencar, foi o ex-presidente Lula que pediu a contratação da empresa. A intervenção direta do petista teria ocorrido em uma visita ao país africano, durante café da manhã do qual também participaram Taiguara e Emílio Odebrecht.
De acordo com o ex-diretor da construtora em Angola, Ernesto Sá Baiardi, após o café, Lula o teria chamado de lado para dizer que Taiguara Rodrigues era honesto e trabalhador, que estava iniciando sua carreira empresarial e que, se possível, ele deveria ajudá-lo. Baiardi pediu então ao seu sucessor, Antonio Carlos Daiha Blando, que recebesse o empresário, que relatou que a “atenção diferenciada” com que tratou “os assuntos da Exergia tinha por finalidade agradar ao ex-presidente Lula”.
O delatou contou ainda que, em 2014, o sobrinho de Lula pediu um “adiantamento contratual” a que sua empresa “não tinha direito”. Ainda assim, os repasses foram realizados em duas parcelas: uma de US$ 500 mil e outra de US$ 200 mil. Segundo Blando, foi a “necessidade” de “agradar a Lula” que resultou na ordem aos diretores da filial angolana da Odebrecht para adiantar o pagamento.
Denúncia
A denúncia criminal do MPF contra Lula e Taiguara Rodrigues foi aceita pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira em outubro de 2016, originada pela Operação Janus. Para a acusação, a empresa de Taiguara, a Exergia, não prestou os serviços para os quais foi contratada. O trabalho teria sido executado pela própria Odebrecht, em retribuição ao fato de ter sido contratada pelo governo angolano com base em financiamento concedido pelo BNDES para a exportação de serviços. Já o ex-presidente Lula teria recebido propina nesse caso por meio de terceiros.
Leia AQUI a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.