Para Domingos Sávio, carta de Dilma é inócua e não a salvará de impeachment
Diante de críticas do PT e de aliados, e com a certeza de que o discurso de “golpe” não vai mudar o resultado do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff decidiu fazer novas mudanças e pode retirar a expressão da “Carta ao Povo Brasileiro” que pretende divulgar em defesa do seu mandato. A recomendação foi feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministros petistas durante jantar, nesta terça-feira (9), no Palácio da Alvorada. A previsão é que a carta seja divulgada ainda nesta quarta (10).
Para o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), com ou sem a palavra “golpe”, a carta de Dilma é inócua, não a salvará do impeachment e nem vai ajudá-la a recuperar o apoio dos brasileiros. “Não tem o menor sentido [a carta]. As consequências dos crimes da Dilma foram muito duras à economia brasileira, são mais de 12 milhões de desempregados, uma saúde precária, segurança ineficiente. Imagine se uma pessoa que cometeu todos esses crimes contra o país, apenas com palavras bem elaboradas numa carta pudesse mudar o curso da história e ser absolvida. Nessa altura do campeonato, não se pode encontrar palavras que amenizem o prejuízo e as consequências do crime cometido pela Dilma e seus comparsas”, disse o parlamentar.
Segundo o tucano, o povo brasileiro já entendeu que o PT, Dilma e Lula não são pessoas que merecem sua confiança, portanto as palavras usadas na carta não vão alterar o desfecho do processo contra a presidente afastada. “A tática que eles adotam é sempre a de tentar, de maneira dissimulada, enganar o povo brasileiro. Eles usaram em exaustão a expressão golpe, uma expressão dura, pesada a todos os que lutaram por uma mudança para salvar o país. Eles agrediram não só os deputados e senadores [que votaram pela continuidade do impeachment], mas o povo, porque na verdade o Congresso nada mais fez do que expressar o sentimento de milhões de brasileiros”, disse Sávio, ressaltando que os senadores não podem devolver o país para o comando de alguém que não tem credibilidade e menores condições de governar. “Seria uma traição, um atentado contra o Brasil devolver o país para as mãos incompetentes e sujas do PT.”
De acordo com matéria do Estado de S.Paulo, na carta, a petista deve, finalmente, assumir seus erros, mas afirmará que não houve dolo em suas atitudes. No entanto, o tom do documento é alvo de discordância com o PT. O presidente do partido, Rui Falcão, chamou de “inviável” e “artifício para tentar enganar quem não vai ser enganado”, na semana passada, a convocação de plebiscito para antecipar as eleições presidenciais de 2018 – proposta que voltou a ser defendida por Dilma na última segunda (8) como forma de tentar escapar do impeachment.
