Para tucana, novas regras trabalhistas vão reduzir diferenças entre salários

“Existe um fosso entre os trabalhadores. E foi feita a reforma trabalhista exatamente para reduzir esse fosso”, afirma Yeda Crusius

Notícias - 11/09/2017

Economista e ex-ministra do Planejamento, a deputada federal Yeda Crusius (PSDB-RS) defende que as novas regras trabalhistas – que entrarão em vigor a partir de novembro no país – poderão reduzir as diferenças salariais entre trabalhadores, que chegam a ser de até 33,5% entre empregados sindicalizados e não sindicalizados. Um estudo divulgado pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (11), feito por um pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), expõe esse contraste, e acrescenta que, além da diferença nos salários, os sindicalizados possuem mais benefícios. Quase 64% dos trabalhadores com vínculos aos sindicatos têm acesso ao auxílio-alimentação, ante 49% dos não sindicalizados.

No caso de auxílio-transporte, os índices são de 54% e 49%, respectivamente. No entanto, a pesquisa trabalha com a hipótese de que a modernização nas leis do trabalho pode aumentar esse “fosso”, já que torna a contribuição sindical facultativa. Yeda Crusius discorda do argumento. Apesar de concordar com os números, a tucana entende que os motivos da discrepância entre os salários se devem à qualidade do trabalho oferecido aos brasileiros nos últimos anos, e às condições de contratação. Para a parlamentar, a reforma trabalhista pode consertar essa distorção.

“Não é por serem sindicalizados que ganham mais. Os sindicalizados recebem mais porque estão em setores mais organizados da economia. São aqueles que, por pertencerem a esses setores e terem carteira de trabalho assinada por profissão, são mais preparados que os não sindicalizados. Pelo menos essas duas razões apontam para algo que é o principal: existe um fosso entre os trabalhadores. E foi feita a reforma trabalhista exatamente para reduzir esse fosso.”

Yeda acrescenta que a regulamentação do trabalho intermitente e do teletrabalho, que integram a reforma trabalhista, também contribuirão para que as diferenças salariais diminuam, já que essas categorias de trabalhadores passarão a ter direitos que antes não lhes eram garantidos.

“Eu creio que aos poucos, na medida em que os 14 milhões de desempregados voltem ao trabalho, sob as novas regras que abrangem novas formas de trabalho – como o trabalho em casa ou o intermitente –eles tenham direitos constitucionais como antes não tinham. E tudo isso vai gerar uma tendência de que esse fosso diminua, e não que aumente.”

Sobre os sindicatos, Yeda afirma que a existência desses grupos é importante, mas observa que a contribuição compulsória não garantia a atuação séria dessas entidades. A tucana acredita que, diante da nova realidade, os sindicatos precisarão lutar pelos direitos dos contribuintes para que recebam os impostos de forma voluntária.

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11/09/2017