Para tucano, Dilma deveria cuidar da sua defesa em vez de contestar impeachment

O advogado e deputado federal Elizeu Dionízio (PSDB-MS) ironizou a possibilidade de a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff usar um trecho de entrevista do presidente Michel Temer para tentar contestar a legalidade do impeachment. No sábado (15), em entrevista concedida à Band, Temer afirmou que o ex-deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara à época da abertura do processo de impedimento da petista, cogitava arquivar os pedidos de afastamento em troca de votos do PT favoráveis a ele no Conselho de Ética. Para Dionízio, a legalidade do processo ficou comprovada inúmeras vezes e não existe nenhuma possibilidade de uma ação desse tipo surtir efeito.
“O fato motivador do Cunha ter aceitado o impeachment não tira sua legalidade. Todas as etapas do impeachment foram acompanhadas pelo STF; então, a Suprema Corte do país falou qual seria o rito e esse rito foi cumprido. O que ela pode questionar, na minha avaliação, é a diferença pessoal entre uma presidente cassada e um presidiário. E nisso a gente não entra no mérito. O Brasil não pode entrar no mérito da diferença pessoal de duas pessoas”, analisou.
De acordo com informações de matéria publicada pelo portal UOL, o advogado de Dilma, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, acredita que as declarações de Temer são uma “confissão” uma “prova de que Cunha abriu o processo por vingança”. Para o parlamentar tucano, a ex-presidente deveria estar mais preocupada em não ser presa do que em voltar ao poder.
“A Dilma tinha que estar mais preocupada em procurar se defender das pedaladas, porque além de perder o cargo ela pode ser presa por improbidade administrativa e por corrupção. Se ela ainda tem na cabeça eventualmente, com alguma defesa ou com algum fato novo, poder voltar ao governo, ela está redondamente enganada. Se eu fosse o advogado dela, focaria na defesa para ela não ser presa, porque o governo já foi perdido”, afirmou o deputado.
Aniversário do impeachment
Elizeu Dionízio ainda avaliou os avanços alcançados pelo Brasil nesse período de um ano após a autorização na Câmara dos Deputados do afastamento de Dilma. Na visão dele, apesar das melhorias apresentadas em diversas setores, em especial na economia, o país ainda deve demorar mais algum tempo até se livrar completamente da herança deixada pelo PT,
“Nós estamos num período pós-sangria. Ainda estamos fechando os ralos e levantando os problemas. Você não consegue empregar 13 milhões de brasileiros em um ano, sendo que ao longo de 13 anos eles foram desempregados. Você não consegue equalizar uma economia em 12 meses se, ao longo de 13 anos, ela foi desmantelada. Nós estamos no esforço de achar o caminho. Hoje, ainda acho que nós não achamos esse caminho”, analisou o tucano, que destacou ainda a importância da aprovação de reformas, sobretudo a previdenciária e a trabalhista, para a retomada do crescimento.
“Nada se compara ao que nós estávamos vivendo. Nós estávamos em queda livre e hoje nós deixamos de cair. Ainda não estamos subindo, mas deixamos de cair. Já é um começo”, concluiu.