Pesquisa mostra que mulheres têm que mudar forma de vestir para escaparem da violência

Notícias - 30/03/2017

Uma pesquisa sobre segurança pública encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta quinta-feira (30), revela que três em cada dez mulheres dizem que mudaram a forma de se vestir nos últimos 12 meses para reduzir o risco de assalto ou assédio. Outra pesquisa, realizada pela consultoria Ipsos, realizada entre os meses de fevereiro e janeiro deste ano, mostrou que 41% das mulheres brasileiras sentem medo de defender seus direitos.

Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na Câmara, a deputada Shéridan (PSDB) acredita que as falhas na segurança pública e na rede de atendimento às mulheres contribuem para a sensação de medo e insegurança que fazem com que elas tenham que mudar de comportamento para não serem vítimas da violência.

“Com o aumento e o fortalecimento dessa cadeia, que vai desde a secretaria de segurança até a secretaria da mulher, a mulher sente confiança no estado e tem mais coragem em denunciar.  Agora, a partir do momento que ela não tem essa segurança, é obvio que ela não se sente confortável em oferecer a denúncia sabendo que vai estar vulnerável ao agressor’, disse.

A tucana acredita que a questão do machismo e da cultura do estupro não está relacionada com os problemas de segurança pública. “São duas frentes diferentes que a gente tem que interpretar. A questão do machismo ainda tão latente na sociedade, a questão do preconceito, a questão das desigualdades, isso é uma coisa. E a questão da falta da segurança pública e da carência da rede de proteção é outra. São coisas distintas, papéis diferentes atribuições diferentes”, afirmou.

Nesta quarta-feira (29), em entrevista para o canal da Câmara do Deputados no Youtube, Shéridan considerou um “ledo engano” achar que a pauta da mulher é exclusivamente do sexo feminino. “A pauta da mulher transcende a questão feminina. Ela fala em nome da família, em nome da sociedade como um todo. Nós temos hoje tramitando na casa alguns temas que requerem a atenção especial de nós”, declarou.

A deputada ainda destacou a baixa representatividade feminina na política e a necessidade da luta feminina para que a voz das mulheres seja ouvida e respeitada. “Precisamos nos organizar com essa representatividade que temos e com a sensibilidade dos nossos colegas homens que fazem esta casa parlamentar e lutarmos pelo o que já está tramitando”, concluiu.

Temas relacionados:

X
30/03/2017