Pesquisa mostra que mulheres têm que mudar forma de vestir para escaparem da violência

Uma pesquisa sobre segurança pública encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta quinta-feira (30), revela que três em cada dez mulheres dizem que mudaram a forma de se vestir nos últimos 12 meses para reduzir o risco de assalto ou assédio. Outra pesquisa, realizada pela consultoria Ipsos, realizada entre os meses de fevereiro e janeiro deste ano, mostrou que 41% das mulheres brasileiras sentem medo de defender seus direitos.
Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na Câmara, a deputada Shéridan (PSDB) acredita que as falhas na segurança pública e na rede de atendimento às mulheres contribuem para a sensação de medo e insegurança que fazem com que elas tenham que mudar de comportamento para não serem vítimas da violência.
“Com o aumento e o fortalecimento dessa cadeia, que vai desde a secretaria de segurança até a secretaria da mulher, a mulher sente confiança no estado e tem mais coragem em denunciar. Agora, a partir do momento que ela não tem essa segurança, é obvio que ela não se sente confortável em oferecer a denúncia sabendo que vai estar vulnerável ao agressor’, disse.
A tucana acredita que a questão do machismo e da cultura do estupro não está relacionada com os problemas de segurança pública. “São duas frentes diferentes que a gente tem que interpretar. A questão do machismo ainda tão latente na sociedade, a questão do preconceito, a questão das desigualdades, isso é uma coisa. E a questão da falta da segurança pública e da carência da rede de proteção é outra. São coisas distintas, papéis diferentes atribuições diferentes”, afirmou.
Nesta quarta-feira (29), em entrevista para o canal da Câmara do Deputados no Youtube, Shéridan considerou um “ledo engano” achar que a pauta da mulher é exclusivamente do sexo feminino. “A pauta da mulher transcende a questão feminina. Ela fala em nome da família, em nome da sociedade como um todo. Nós temos hoje tramitando na casa alguns temas que requerem a atenção especial de nós”, declarou.
A deputada ainda destacou a baixa representatividade feminina na política e a necessidade da luta feminina para que a voz das mulheres seja ouvida e respeitada. “Precisamos nos organizar com essa representatividade que temos e com a sensibilidade dos nossos colegas homens que fazem esta casa parlamentar e lutarmos pelo o que já está tramitando”, concluiu.