Petrobras recorre a programa de demissão e atrai mais jovens do que o esperado
Cerca de 18% dos 11.878 funcionários que aderiram programa tinham até 39 anos
Endividada devido à desvalorização do petróleo em 2016 e abalada pelos escândalos de corrupção durante os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma, a Petrobrás atraiu mais jovens do que esperava no último Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV). Cerca de 18% dos 11.878 funcionários que aderiram ao programa tinham até 39 anos, o que surpreende os especialistas que esperavam a adesão de funcionários mais antigos já perto da aposentadoria, como revela reportagem publicada neste domingo pelo jornal O Globo.
São mais de 2.100 jovens interessados. Entre os 4.744 que já deixaram a companhia, 12% estavam nesta faixa etária, o que pegou de surpresa inclusive o comando da estatal.
Segundo O Globo, a iniciativa faz parte do plano de reestruturação que prevê redução de funcionários e fim de benefícios. No entanto, a evasão de novos talentos preocupa a diretoria da Petrobrás e poderá comprometer as futuras lideranças da estatal, que corre o risco de ficar estagnada mantendo funcionários antigos.
O jornal aponta quatro razões principais para a grande participação da juventude no PIDV: insatisfação com a redução de benefícios, falta de perspectiva profissional, busca de maior qualidade de vida e a chance de tirar do papel um projeto empreendedor com a rescisão. Pelas regras do programa, o piso da indenização é de R$ 211 mil, o que contribuiu para atrair os mais novos. O teto gira em torno dos R$ 700 mil.
A maioria dos jovens que participou do PIDV disputou uma vaga quando a estatal mantinha um plano de negócios, com investimentos em ascensão e boas perspectivas no setor de petróleo a partir da descoberta do pré-sal, em 2006. No entanto, hoje, a realidade é outra. A companhia propôs para a negociação de 2016 jornada menor de trabalho e redução no valor de horas extras.
A estimativa é que, com a redução de 12 mil empregados, a estatal terá um economia de R$ 33 bilhões até 2020.
Outros Programas
Novos programas de demissão voluntária estão previstos para 2017 devido ao processo de venda de ativos da Petrobras. A perspectiva é que o número de funcionários passe de 50.885 no fim de 2016 para 44.544 no fim deste ano, ou seja, menos 6.341 empregados.
Economistas afirmam que a prioridade da Petrobras é financeira. Eles citam a antecipação da meta de redução da alavancagem (a relação entre dívida e geração de caixa operacional) de 2020 para 2018. A dívida total da estatal chegou ao fim do terceiro trimestre de 2016 a R$ 398,2 bilhões.
Já com a venda de ativos, a meta da empresa é levantar US$ 19,5 bilhões entre 2017 e 2018, com as ações de desinvestimento, incluindo subsidiárias.
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