Petróleo brasileiro pode recuar ao patamar da década de 70 sem mudanças no pré-sal
A aprovação do projeto de autoria do ministro de Relações Exteriores, José Serra, que muda as regras do pré-sal poderá reverter o quadro negativo
O desenvolvimento do setor de óleo e gás no Brasil ficou prejudicado pela drástica redução nos investimentos na Petrobrás. A má gestão da estatal, envolvida no maior escândalo de corrupção da história, fez com que a votação do projeto de autoria do senador e atual ministro de Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que retira a obrigatoriedade de a Petrobras operar todo e qualquer projeto no pré-sal, ganhasse celeridade na Câmara para tentar reverter o quadro negativo na empresa.
O projeto de Lei 131 está na lista de prioridades de votação dos parlamentares e deve ser aprovado nesta semana pelo plenário da Casa. A possibilidade de mudança regulatória agrada à Petrobras que, sem a obrigação de ser operadora única e de ter 30% nos blocos no pré-sal, abre espaço para receber novos investimentos.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), José Firmo, acredita que se não ocorrerem novas rodadas de licitações a estatal retrocederá ao nível de atividade que tinha na década de 1970. A queda no nível de investimentos e no número de blocos exploratórios sob concessão também preocupa Firmo. Segundo a Abespetro, o número de poços exploratórios caiu de 150, em 2013, para 57 neste ano. As projeções indicam que pode haver um recuo para apenas 27 poços em 2020.
O deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG) afirmou que a maneira como o pré-sal é gerido atualmente torna a exploração inviável. “A Petrobras foi saqueada e quebrada pelo governo do PT e por isso não tem a menor condição de explorar sozinha o pré-sal”, disse.
O tucano ressaltou a importância do reconhecimento da incapacidade momentânea da empresa em explorar os poços de petróleo e os benefícios que investimentos externos trarão para o desenvolvimento do setor. “O Brasil precisa aproveitar essa riqueza. Por isso, é fundamental que outros parceiros venham e viabilizem o pré-sal. É urgente aprovação do projeto do senador José Serra se não o Brasil vai continuar com essa riqueza intocada do jeito que é hoje. A mudança no regulamento vai trazer mais investidores e assim podermos usufruir de uma riqueza que e nossa”, concluiu.
O setor chegou a ter quase um milhão de trabalhadores em 2012, e atualmente esse número caiu para 557 mil. Caso a situação não mude, as previsões da Abespetro para o futuro do petróleo brasileiro não são boas. A estimativa é que, sem o incremento das atividades no setor, poderão se perder 510 mil empregos até 2020.