Por melhor fiscalização, Rui Palmeira sugere novas concessões de linhas férreas do Brasil

Notícias - 29/08/2018

Há muitos anos, o sistema férreo possui um papel estratégico em atividades como o escoamento da produção de cidades do interior para os grandes centros. Porém, apesar da importância, a malha ferroviária do Brasil está em condições precárias, sucateada e esquecida por concessionárias e governos. A falta de atenção com o setor acaba culminando na fiscalização precária, que também é a responsável por boa parte dos acidentes e descarrilamentos de trens no país.

Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) datado de 2015 observou que o país utiliza majoritariamente as rodovias, com 61,1% da carga transportada sendo escoada o sistema rodoviário, ao passo que somente 21% utiliza a malha ferroviária. Com a concentração e a falta de qualidade das linhas férreas, o Brasil se vê vulnerável a situações como a greve dos caminhoneiros. Na ocasião, a paralisação provocou caos nas estradas e diversas cidades ficaram desabastecidas dos mais diversos itens de consumo.

O prefeito de Maceió, Rui Soares Palmeira, criticou o modelo adotado para gerir o meio de transporte férreo. Para ele, a política utilizada nos últimos anos acabou criando um estímulo para o crescimento do setor automobilístico. “Utilizamos muito os caminhões para transporte de carga. Na greve percebemos como dependemos desse meio de transporte. Vários estados trabalham exclusivamente com o transporte por caminhões. O país precisa de investimento e novas alternativas tanto no sistema coletivo como no de cargas”, sugeriu.

O tucano ressaltou a necessidade de deixar de priorizar o investimento em rodovias e voltar as atenções para o sistema férreo, fortalecendo a fiscalização para recuperar os quilômetros já existentes e criando novas linhas para expandir o sistema atual. “Precisamos de transporte de massa, de mais investimento em VLT, metrô e trens regionais. Temos dezenas de trechos com concessões mal feitas e sem retorno econômico e que estão abandonadas”, observou.

Atualmente, o transporte ferroviário do Brasil possui uma rede de 30.129 quilômetros de extensão espalhados pelas cinco regiões do país. Praticamente toda a linha férrea brasileira está vinculada à concessionárias e apenas uma pequena parte do trecho serve ao transporte de passageiros. Boa parte das licitações, inclusive, datam dos anos 90. Rui Palmeira lembrou que, devido à isso, muitas concessionárias perdem o estímulo econômico nas ferrovias e acabam abandonando os trechos, dificultando as fiscalizações.

Citando um exemplo de Alagoas, o prefeito de Maceió lembrou que precisou de cerca de dois anos para retomar o controle de um trecho de 2 km da ferrovia Nova Transnordestina vinculado a uma concessionária que, por sua vez, não realizava mais manutenções no trecho. “Foi uma luta nossa conseguir para ceder essa via à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para o VLT passar por ela. Um trecho pequeno, mas que liga o centro da cidade às praias. Foi uma concessão mal feita. A concessionária não tinha mais interesse econômico e não deixava a cidade utilizar”, citou.

Palmeira destacou ser preciso elaborar melhores condições para as práticas de Parceria Público Privada (PPP) para atrair investidores e assim otimizar o sistema férreo brasileiro. “Existem investidores querendo vir para o Brasil. Precisamos mudar nossa modelagem de concessão para facilitar o ingresso de mais recursos internacionais no país. Hoje, o investidor fica preso nas amarras da burocracia brasileira”, criticou.

Para o prefeito de Maceió, os próximos governantes precisam se atentem a questão para facilitar o progresso do setor. O tucano citou Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência da República, como nome mais adequado para realizar as mudanças necessárias. “Geraldo é quem tem mais capacidade de fazer isso pela experiência por ter sido governador do estado economicamente mais importante do país. Ele repensará todas as questões sobre concessões e PPP´s para dar mais viabilidade para o investidor”, apontou.

Reportagem: Danilo Queiroz

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29/08/2018