Procurador da Lava Jato rebate críticas de Lula: ‘equipe é formada por técnicos que estão fazendo o seu trabalho’

Pedro Cunha Lima: “Como o ex-presidente não tem como entrar no mérito da investigação, ele parte para a plataforma política”

Imprensa - 16/09/2016

Deltan Dallagnol reuniao_anti-corrupcao_MPF_26062015_004Brasília (DF) – Um dia após apresentar denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o procurador Deltan Dallagnol rebateu as críticas do petista, que durante encontro do PT tentou se colocar como vítima e transferiu para terceiros a responsabilidade pelo desvio de R$ 87,6 milhões em propinas de contratos do governo petista. As informações são de reportagem desta sexta-feira (16) do jornal Folha de S. Paulo.

Deltan Dallagnol afirmou que “é natural que pessoas investigadas reajam, e quando elas são poderosas econômica e politicamente, a reação toma um vulto”. O procurador acrescentou que a força-tarefa da Lava Jato tem atuado “no meio de um furacão”, o que “levanta ânimos e acende paixões”, mas ressaltou que a equipe investigativa é formada por “técnicos que estão fazendo seu trabalho e tentando transmiti-lo para a sociedade”.

O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) avaliou que a declaração do procurador da Lava Jato refletiu a naturalidade que cabe ao papel do Ministério Público, que é investigar. Para o tucano, a declaração de Lula não passa de uma tentativa de se vitimizar e politizar as denúncias apresentadas.

“Como o ex-presidente Lula não tem como entrar no mérito da investigação, ele parte para a plataforma política, que é onde ele consegue transitar ainda, para jogar com o discurso, jogar com argumentos políticos. O Ministério Público existe para investigar, não haveria nem como ter provas cabalísticas nessa fase da atual investigação. Vai ser instaurado um processo para, aí sim, dar sequência. O Ministério Público está fazendo a sua parte, cumprindo com o seu dever institucional”, disse o tucano, que também é advogado.

‘Estratégia de comunicação’

O procurador Deltan Dallagnol também comparou a reação dos petistas às mesmas que ocorreram após a 7ª fase da Operação Lava Jato, que levou à prisão de executivos das principais empreiteiras do país. “Naquela época, a reação foi dizer que estávamos cometendo uma série de abusos, excessos, e que não tinha nenhum crime por parte dos empresários”, relembrou. “Disseram que não tínhamos mais que indícios e presunções”, apontou.

Para Dallagnol, Lula usa agora a mesma “estratégia de comunicação” usada por empreiteiras como Odebrecht e Andrade Gutierrez.

“Como ele [Lula] não consegue tratar o tema de maneira técnica, que seria dentro de um futuro processo, ele traz para a política”, explicou o deputado Pedro Cunha Lima.

“Tenta trazer algo que não condiz com a política, já que é um processo investigatório, mas como ele não consegue tratar como deveria, traz para a política tentando se vitimizar, tentando jogar para a plateia, tentando induzir uma perseguição. O que é absurdo, ‘porque ele trouxe o melhor governo para o plano social, ele está sendo perseguido’. Onde é que isso entra na cabeça de alguém? É algo que faz com que o brasileiro fique ainda mais intolerante, percebendo como foi importante a gente virar uma página na nossa política”, completou o parlamentar.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

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16/09/2016